Já era época de fins d’água, pelo ano de 1930, quando meu avô, ainda rapaz, o Major Tôrres, retornava montado em seu cavalo de uma quermesse em um distrito da cidade do Ipu, no sopé da Serra da Ibiapaba. Era noite, por volta de dez horas, e, como a lua fora cheia na mesma semana, ainda iluminava bem o caminho (era costume comum daquela época viajar em tempo de lua cheia). Quando chegou na passagem do Escondido, o caminho passava por baixo de um vasto mangueiral, sendo considerado assombrado por muitos. A luz de prata da lua não penetrava por entre a copa das mangueiras, fazendo do caminho uma escuridão assustadora e o vento ajudava com os seus caprichos a dar asas à imaginação. Ele já ia na metade do caminho quando de repente algo lhe tirou o chapéu da cabeça! Assustado, parou de imediato o cavalo e permaneceu paralisado do susto e esperando por mais alguma visagem. Nada aconteceu. Então ele recuou o animal um pouco e começou a procurar o chapéu. Achou-o e o colocou na cabeça e fez o cavalo andar. Novo susto, pois em um repente caiu o chapéu novamente. Ficou paralisado, atento a qualquer movimento que denunciasse o acontecido, mas nada percebeu e tateou no chão procurando o chapéu até encontrar e colocou na cabeça. Fez o animal andar e outra vez algo quis derrubar o chapéu, só que nessa ocorrência a raiva venceu o medo e num movimento rápido ele segurou o que tinha derrubado. Sentiu que era frio e começou a tatear para identificar do que se tratava e, para seu espanto, descobriu o pé de uma pessoa que estava pendurada enforcada e já em óbito. Esporou o cavalo com força e saiu em disparada sem olhar para trás. Meu avô nunca soube qualquer notícia do ocorrido e se foi real ou assombração!
Cláudio César
Engenheiro Agrônomo
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