Havia um cego
Que pedia esmolas
Em meio às sacolas
Do, dali, comércio.
Gritava alto
Clamando por pena
Deprimente cena
De miséria humana
Defronte à ótica
Onde estava
Quem ali passava
Podia lhe ver.
Não sei qual cego
De fato era
Mas se tolera
O seu sofrer.
Ninguém o via
Pesar dos gritos
Em seus finitos
Mundos se foram.
Multidões passaram
E quantas viram
Ou se admiram
Do que ele escolheu?
Penso que o cego sou eu
Que demorei ver:
Quão triste é a contradição
Um cego balançando a mão
Suplicando em frente à ótica
Em sua cena
Obcena
Exoticamente
Humana.
Benedito Gomes Rodrigues
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