sexta-feira, 26 de setembro de 2014

PRIMEIROS MEMBROS-HONORÁRIOS DA APL


A Academia Palmense de Letras (APL) acaba de nomear os seus 04 (quatro) primeiros membros-honorários. Nos termos do art. 5.º, inciso III, do Estatuto da APL, sócio-honorário é aquele agraciado com o título, por decisão da maioria dos sócios-efetivos, por ter prestado relevantes serviços à Entidade, contribuindo para o desenvolvimento da cultura e das letras do Município e do Estado.

O primeiro membro-honorário é Raimundo Nonato de Aguiar, o Professor Aguiar, que teve sua vida inteira dedicada à educação de diversas gerações coreauenses.


O segundo membro-honorário é Mardone Cavalcante França, professor aposentado da UFRN, escritor refinado e amante da fotografia e de tantas outras manifestações artísticas.


O terceiro membro-honorário é João Alberto Teles, cirurgião-dentista com mais de três décadas dedicadas à Palma, apicultor comprometido com o futuro do planeta e estudioso da memória e da formação econômica coreauense.


O quarto membro-honorário é Rantzal Frota, professor dedicado, cultor da vida e da arte e arquivo vivo de muita estória palmense.


sábado, 20 de setembro de 2014

O QUE É O AMOR?!

Amor é ... 
Perdão.
Cumplicidade.
Tolerância.
Entender o outro.
Renúncia.
Desprendimento.
Compreensão. 
Querer bem.
Quando um não quer dois não brigam.
Estar no lugar do outro e
Sentir os problemas do outro.
Sentimento de entrega e sacrifícios.
Fazer o bem sem olhar a quem.
O amor é o mais nobre dos sentimentos, por ser verdadeiro e espontâneo, e nada exigir em troca.
É o principal mandamento que DEUS nos deixou/ensinou (“Amar a DEUS sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”).
Por isso, não existe felicidade sem amor.

Cosmo Carvalho
Membro da APL

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

SOBRE O AMOR

O amor não escolhe Cor,
Beleza,
Tamanho,
Sexo,
Riqueza ...
O amor é a manifestação dos sentimentos
E da atração química entre os corpos.
O amor está entrelaçado no Sorriso Meigo,
Safado,
Aberto,
Espontâneo...
O alimento do amor é a Carícia,
Atenção,
Respeito,
Fidelidade...
Ame sem fazer escolhas,
Apenas deixe seus sentimentos te guiarem.

Jesus Frota Ximenes

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

CONTO DE SETEMBRO

Dia 14 de setembro de 1959. O locutor da amplificadora com voz empostada anunciava: para uma bela jovem que está, neste momento, sentada no banco da praça, alguém com o coração apaixonado lhe oferece esta linda página musical na magnífica voz de Nelson Gonçalves; para você, a normalista! A voz possante de Nelson tonitruava no éter estrelado da cidade em festa. 
Meu afilhado, no burburinho dos vai e vens da multidão, dividia sua atenção entre a banda que tocava no patamar da igreja, se antecipando ao grande leilão, e sua obrigação de cuidar das vacas no curral que ficava próximo de sua casa. Seu pai o encontra e pergunta: 
− Marcelo, você já foi ver se a Cigana chegou? 
− Não pai, mas vou agora. 
− Pois vá mesmo, são quase oito horas da noite; é preciso separar o bezerro pra amanhã se tirar o leite. 
Marcelo, com apenas onze anos já tinha suas responsabilidades para ajudar seu pai na labuta do dia a dia. Lastimou ter que sair da animação da festa. Bodejando cobras e lagartos, amaldiçoou aquela vaca profana (tirou-o no melhor da festa da Piedade) que sempre chegava cedo ao curral e, justo naquele dia, véspera do final da festa de setembro, atrasou tanto. O garoto estava no seu dia de glória, vestia a calça (curta) de linho branco, bem engomada que eu, como seu padrinho, havia lhe dado de presente e a camisa volta ao mundo azul piscina, prenda de sua madrinha. E mais que isso: estreava os sapatos que esperou dois anos seus pés crescerem para poder calçá-los. Estes sapatos lhe foram deixados pelo irmão mais velho, que os usou até não caber mais nos pés. 
Enquanto Marcelinho esperava crescer os pés, os sapatos repousavam envoltos em uma flanela numa caixa de sapato dentro do armário e, vez por outra, recebia cuidados especiais: eram escovados, engraxados e experimentados para ver o quanto ainda sobrava sapato e faltava pé. Aguardava ansioso o dia de poder calçar sapatos novos; pouco importava se eram herdados, para ele era novo! Sua mãe, minha comadre, admirou a beleza do filho todo arrumadinho. 
– Meu filho, você está muito bonito, já se parece um rapazinho, hoje vai até arrumar uma namoradinha. 
– Oh, mãe, eu ainda sou pequeno, não quero saber de namorada, não; eu sou da cruzada, tenho que rezar e ajudar na missa. Hoje vou ficar com o turíbulo, gosto do cheiro do incenso quando o padre coloca na brasa; sobe uma fumaça cheirosa! 
Ao chegar ao curral, na rua dos fundos de sua casa, Marcelo encontrou a Cigana malhada, tranquilamente, ruminando o pasto do dia. Naquele ambiente pouco iluminado, Marcelo tratou logo de por a vaca para dentro do curral, juntando-a ao bezerro e aguardou impacientemente o bezerro apojar para, em seguida, apartá-lo da mãe e correr de volta para a animação da festa. O pior para Marcelinho estava por vir. 
Fechou a porteira do curral apressadamente para abreviar seu retorno à Praça da Matriz, onde seu pai, sua mãe e seus irmãos estavam sentados na primeira fila próxima à mesa com as prendas do leilão. A comadre Jovenise se deu pela falta do filho; preocupada, perguntou à filha, que se sentava ao seu lado, se tinha visto Marcelinho por onde ela andou. 
– Não, mãe! Perguntei aos amigos dele e ninguém soube dizer onde estava. Foi quando meu compadre Jeremias percebeu a aflição da mulher, informou que o havia mandado chiqueirar a Cigana no curral. 
– Valha-me, minha Nossa Senhora da Piedade, cadê meu filho, o que terá acontecido com ele? Vamos Jeremias! Agora mesmo ao curral. Que Deus me perdoe! Marcelinho pode ter levado um coice ou uma chifrada, ele ainda é tão criança para fazer este tipo de serviço. A família se levantou e rumaram todos para o curral. 
De repente, como rastilho de pólvora, o boato se espalhou pela praça: Marcelinho, filho do Jeremias levou um coice da vaca; outros corregiam: 
– Não, foi uma chifrada. 
E todos, em uníssona solidariedade, rumaram para o curral, deixando quase esvaziado o leilão. O vigário, que estava muito interessado naquele leilão, pois seria leiloado um garrote doado por um fazendeiro rico, esperava fazer um bom apurado para Nossa Senhora. Muito a contragosto, o pároco suspendeu, por alguns instantes, o leilão até que se tivesse notícia do menino que levou uma chifrada. 
Foi quando se ouviu a voz embargada de emoção do locutor da amplificadora anunciar: 
– Atenção,  senhoras e senhores, tenho uma notícia triste. Marcelo, filho dos nossos queridos paroquianos Jeremias e Jovenise, sofreu um grave acidente nesta noite. Foi violentamente chifrado por uma das vacas de seu pai, e ,segundo informação, será levado para Sobral com grande hemorragia. Que todos rezem para que o pequeno cruzadinha de nossa paróquia sobreviva para a alegria de todos. Que São Tarcísio o proteja! ´
A família chega ao curral e nada de Marcelo. O pai vasculhou o curral todo. Estava tudo em ordem, a Cigana e o bezerro separados e as porteiras bem fechadas. A aflição aumentou. Rumaram para casa na esperança de o encontra lá. De fato, Marcelinho estava aos prantos. Quando viu a mãe foi logo dizendo: 
– Mãe, pra mim a festa acabou. 
– Oh, meu filhinho! O que lhe aconteceu, você está ferido, está sangrando muito? 
– Não, mãe! Não estou nem ferido, e nem sangrando. 
– E o que aconteceu com você, meu filho? 
– Meti o pé na bosta, meu sapato, está todo cagado, não serve mais pra nada, eu não tenho outro sapato, como vou voltar pra festa? Foi um alívio para todo mundo e o pai quis saber como aconteceu. – Me conta meu filho, como isto sucedeu.
– Estava muito escuro pai, quando fechei a porteira do curral e ia voltar para a praça meio apressado, pisei com meu sapato numa ruma de bosta de vaca; desgraçou meu sapato, não serve mais pra nada. 
Nisto chega a turma que deixou a praça. Quando avisada do que realmente tinha ocorrido, a reação foi um misto de alívio e de galhofa. De repente, não mais que repente, a nova notícia se espalhou pela praça. O padre ordena a retomada do leilão e pede para Luiz Breu, o leiloeiro oficial, anunciar a boa nova: 
– Aaaatentençãoooooooooo! O memeninino não lelevovou uma chichifrafrada não, fofofoi uma cacagagada. QQuem dadádá mamais por esssta gagalinhha aassada? 

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A banda tocou e a festa continuou. Em quase tudo na vida, acontecem as cagadas, até na festa de setembro. Nunca vi uma cagada dar tanta confusão.

Mardone França

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

ASSIM, FAZ A CANETA CORRER




Assim, faz a caneta correr

Sumida da escrita porquê,
A lida consome o tempo
O tempo limita as horas
E não tem escapatória
Quando se vê, o dia passou.

Mas quando se faz o que gosta
Arruma-se um jeito daqui e dali
Ajeita, deixa feito, ou desfeito
O trabalho, a canseira.

Assim, faz a caneta correr
Entre as linhas do papel descrever:
Fatos, valores, amores...
Assim como a seiva circula as folhas
É nesse mesmo vai e vem,
Que a ponta da caneta rabisca,
Imagina, prospera, pondera...

A mente adoça,
Aguça, encuca
Mais que de repente
Surge o sabor,
Sabor de mel, ou fel.
E é nessa inquietação,
Que o texto surge.

Literatura?
Quem sabe!
Poderia ser um cordel!
Apresentando um conto
Improvisado, arretado.
Daqueles que deixa o leitor
Atordoado, estonteado!

Na ansiedade ele pula
Do começo para o fim
Não lê as entrelinhas
Para entender,
O que o deveria saber
Logo que terminasse
A história de ler.

Airla Gomes M. Barboza
Membro da APL