Sob este céu
Sob estas nuvens
Meus primeiros dias
Meus primeiros passos
Primeiros amigos
Primeiros olhares
Primeiros beijos
Primeiras paixões
Primeiras ilusões
Primeiras desilusões
Sob este céu
Sob estas nuvens
Onde o luar tinha mais luz
O vento assobiava em forma de canção
Minha casa a um passo de tudo
Meu mundo a alguns passos do nada
Em torno de um vale que me valia tanto
O pouco que tinha era o bastante para o que eu queria
Um banco na praça onde nossos velhos enfeitavam suas estórias
O Grupo Escolar que a professorinha nos davam prova com cheiro de álcool do mimeógrafo
Depois da aula podíamos escolher em que açude ou córrego se divertir
O sol a pino não era obstáculo era apenas um detalhe do cenário
Se sentia calor? não sei estávamos muito ocupados com nossas brincadeiras
Mas existia algo em nossos caminhos que não esperávamos
O tempo, e ele não parou
De repente outros céus, outras nuvens
O mundo era maior do que eu pensava
Havia outras formas de viver
Havia outras formas de querer
Havia outras formas de amar
Tantas mudanças
Tantos passos novos
Tantas pessoas novas
Hoje não ouço o som dos pássaros
não vejo a luz daquele luar
Não paro para sentar no banco da praça para ver o tempo passar
Para que a gente cresce então?
Para saber que nossos exemplos não são para sempre
Para saber que viver é tão sério que tenho que parar de rir
Para saber que nossos dias são tão complicados que o simples deixou de existir
Então quero esquecer o tempo e mesmo que a prata pinte meus cabelos
Quero ser criança, sorrir para todos, falar com todos,
olhar os velhos álbum de família sem ter saudades
Se isso é loucura, serei então um louco feliz
Alexandre Neto
quarta-feira, 13 de dezembro de 2017
TEMPO
Passa tempo, passa tempo
Entre horas e dias
Teu destino é passar
Como nuvens que passam no céu azul para nunca mais voltar
Passa tempo, passa tempo
Deixa-me mais velho a ponto de não mais me conhecer nas velhas fotografias
Passa tempo, passa tempo
Escorre como água entre os dedos deixando as mãos lavadas de lembranças
Passa tempo, passa tempo já que teu passatempo é passar...
Alexandre Neto
Entre horas e dias
Teu destino é passar
Como nuvens que passam no céu azul para nunca mais voltar
Passa tempo, passa tempo
Deixa-me mais velho a ponto de não mais me conhecer nas velhas fotografias
Passa tempo, passa tempo
Escorre como água entre os dedos deixando as mãos lavadas de lembranças
Passa tempo, passa tempo já que teu passatempo é passar...
Alexandre Neto
sábado, 9 de dezembro de 2017
CBD...
Quando menino lá na Palma, fui protagonista de um episódio de CBD. No inverno o gado pastava à solta
nos pastos ainda livres das cercas. O inverno era tempo dos insetos dípteros, especialmente os cocliomídeos e os sarcofadígeos (depois eu explico*) agirem sobre os rebanhos. Meu pai recebeu a notícia de que uma novilha amojada estava com uma bicheira feia na anca direita e estava amoitada. Me incumbiu, então, de uma tarefa:
– Depois que você deixar os bezerros nos córregos, passa na casa do Seu Belchior Conrado (patriaca da família), que nesta hora ele já está de pé; peça pra ele curar a bicheira da novinha que está no pasto dos Altos do Lucas.
Não entendi direito se Seu Belchior Conrado, um senhor de idade, iria até os Altos pegar a novinha a muque e besuntar a bicheira de creolina. Mas nada perguntei; meu pai não era homem de muitas respostas. Mas logo imaginei a novinha, que conhecia bem, com a bicheira coberta de moscas-varejeiras e de tapurus (tá explicado*).
Encontrei Seu Belchior Conrado na sada de visita de sua casa, sentado na cadeira de balanço. Dei o recado:
– Seu Belchior, sou filho do Carneirinho. Ele mandou pedir pro senhor curar a bicheira de uma novinha nossa.
Seu Belchior levantou-se e se postou no meio da rua:
– Onde tá a novinha? Onde fica a bicheira?
Respondi conforme meu pai me havia informado.
Ele então começou o ritual da cura. Ficou de frente para os Altos do Seu Lucas, levantou o braço direito e gesticulou com a mão, balbuciando alguma reza que não ouvi bem. Fiquei aguardando o Dominus vobiscum
et cum spiritu tuo. Para qualquer reza séria, pra mim, coroinha sacramentado, tinha que ter essas palavras que ouvia todo dia na igreja e que não sabia o que significavam. Mas não teve Dominus vobiscum...
– Pronto. Diga ao Carneirinho que a novilha está curada, amanhã os tapurus já caíram todos e a bicheira tá enxuta.
Voltei e disse o recado pro meu pai. Dois dias depois a novinha apareceu junto com o gado que vinha todo dia pra rua, sarada. Papai mandou eu agradece ao seu Belchior Conrado a cura milagrosa. Foi assim que presenciei minha primeira Cura de Bicheira à Distância – CBD.
Hoje, pensando bem, aquela novilha tinha um eficiente sistema de defesas orgânicas.
Mardone França
UMA GOIABA DE PÉ
Era no ano de 1958, lembro-me que meu avô Major Torres falou que fora um ano de seca (como chamamos aqui no Ceará quando chove pouco) e ele saiu para caçar pomba de bando, hoje mais conhecida como avoante, no pé da serra do Ipu (época em que era permitida a caça).
Saiu cedo com a intenção de chegar com tempo para no almoço saborear os animais abatidos. Conhecedor da região, se dirigiu para o local chamado Espraiado, distante légua e meia, mas onde existia um pequeno açude e onde era comum encontrar as aves na bebida. Durante o trajeto, ele ia sempre atento com a espingarda socadeira já no ponto de disparar, caso encontrasse alguma caça. Para a sua frustação, ele não viu nem um calango durante o trajeto percorrido. Chegando no local escolhido, no pequeno açude ou barreiro, como chamavam, tratou de fazer uma tocaia e se entocou nela, só com o cano da espingarda de fora, e ficou à espera dos animais baixarem. Passado certo tempo, aparecera apenas um sibite, um pássaro tão pequeno que não compensava desperdiçar um tiro, mesmo assim ele continuou de tocaia. Finalmente baixou um bando de aproximadamente quinze avoantes, quando ele resolveu disparar. Apertou o gatilho, mas, para o seu infortúnio, naquele exato momento, passou um gavião carcará e assustou as aves que levantaram voo e ele errou o tiro.
Como já estava com fome, resolveu comer duas das três goiabas que ele tinha levado no seu patuá. Após merendar, quando foi pegar a munição, descobriu que não tinha mais as esferinhas de chumbo e desanimado teve que retornar para casa. Já na metade do caminho percebeu a sua direita um veado distraído comendo algumas vagens de jucá caídas no chão. Sem perder tempo, apontou firmemente a espingarda, mas lembrou-se que estava descarregada. Caçador nato como ele era, não queria perder essa oportunidade. Foi aí que teve uma ideia para resolver a falta de munição. Lembrou da goiaba que trazia e começou a comê-la separando as sementes para depois usá-las na espingarda como munição. Usou um carrego maior de pólvora para ver se compensava o chumbo diferente e abatesse o animal. Mirou bem no meio da testa do veado e atirou. Subiu aquela nuvem de fumaça – socadeira já solta muita fumaça e com carrego de pólvora extra então! –, e ele não viu se acertara a caça. Ao se dirigir para o local onde estava o bicho, não encontrou um pelo sequer. Riu-se por um instante da ideia maluca que tivera e continuou a caminhada para casa.
Devido ao verão rigoroso, a família de meu avô mudou-se para um sítio na serra, encerrando assim as suas caçadas nesse verão. No ano seguinte, de volta ao sertão, na época que estavam chegando as avoantes na região do Espraiado, o Major Torres, como de costume, já estava preparado para caçar. Seguiu o mesmo ritual, só que teve o cuidado de conferir a munição que ia levar para não voltar de patuá vazio. Nesse dia tudo deu certo e ele já contava com vinte avoantes abatidas quando resolveu voltar.
Durante o percurso, parou na sombra de um Juazeiro para comer e matar a sede. Foi então que percebeu a uma certa distância a sua frente um arbusto se mexendo e ficou observando. Para seu espanto o arbusto começou a sair do lugar como se estivesse andando. Arrepiou-se e rapidamente benzeu-se pensando ser assombração. Criou coragem e foi sorrateiramente em direção da coisa para ver o que era. Quando estava mais perto, o arbusto saiu para uma clareira e ele pôde ver que o dito cujo era o veado que ele tinha atirado com chumbo de goiaba no ano anterior com um tiro certeiro na testa do animal, que não o matara, mas fez nascer um pé de goiaba na sua cabeça. O animal então percebeu a presença do Major, balançou a cabeça fazendo cair algumas goiabas e partiu correndo feito uma flecha para dentro da mata. Meu avô pegou as frutas deixadas pelo veado, que, segundo ele, eram doces como mel e foi embora. Durante os anos seguintes, em suas andanças e caçadas, ele nunca mais viu a goiaba com pé.
Cláudio César
P.S.: Baseado nas estórias do meu avô, Major Torres, e nas aventuras do Barão de Münchausen.
domingo, 25 de junho de 2017
NATALI
Entre um paciente e outro, não parava de
pensar nele. Estava na África, em Serra Leoa, como médica de uma ONG
humanitária. As crianças não paravam de chorar, o hospital improvisado
estava apinhado de vítimas do Ebola. Mesmo em condições tão adversas,
não parava de pensar nele. Pensava na última conversa que tiveram. Eram
amigos há doze anos, conheceram-se na escola ainda adolescentes. Ela era
a melhor aluna da escola, até que ele chegou e lhe tomou o posto. Em
algumas semanas eles estavam estudando juntos na casa dela, muito
chegados um ao outro. No primeiro encontro a tia hesitou diante da
intimidade dos estudantes e Natali a tranquilizou:
– Não se preocupe, tia. Há duas semanas não namoro mais o Pedro.
Havia muitas afinidades entre eles. Eram interioranos, pobres e tímidos. Eram também inteligentes, idealistas e perseverantes. A escola pública era na periferia, estudavam à noite, no intervalo ofereciam-lhes droga; seria improvável eles passarem no vestibular. No entanto, com livros usados dos sebos da cidade, na primeira tentativa, os dois ingressaram na universidade pública. Ela foi fazer medicina; ele, direito.
Ele dava aulas particulares e a ajudava a comprar os livros do curso de medicina. Sempre se encontravam para longas e agradáveis conversas. Ambos se conheciam muito bem. Trocavam confidências. Gostavam um do outro, mas um gostar que, conscientemente, não ousava atravessar a fronteira da amizade.
Num dos encontros, tomaram três taças de vinho e trocaram algumas carícias. Natali pensou em beijá-lo, em contar-lhe um sonho recorrente que ela costumava ter, em perguntar-lhe o que ele sentia por ela, mas a timidez não permitiu. Ao final, ele convidou-a para dormirem juntos e ela, desconcertava, recusou.
Passaram um ano sem se ver. Ele ligou três vezes, ela não atendeu, até que ela resolveu ligar para convidá-lo para a sua colação de grau. Ele inicialmente recusou o convite, disse que estava estudando muito para o concurso da diplomacia e não poderia perder tempo com formalidades; assim mesmo, um dia antes do evento, ligou perguntando onde seria.
Natali era a oradora da turma. No seu discurso, agradeceu a Deus, à tia, à proteção da mãe já falecida, até que chegou nele, a quem dedicou uma homenagem longa e emocionante, que arrancou lágrimas e aplausos. Naquela noite eles beberam vinho até tarde. Ela havia prometido para si mesma que, se ele a convidasse novamente para dormir, ela aceitaria. Mas, nessa noite, ele não a convidou.
Dois meses depois, ele ligou para dizer que havia sido aprovado para o Instituto Rio Branco e iria estudar em Brasília. Ela ficou num misto de tristeza e felicidade e disse que ia começar a residência em infectologia.
No último encontro, ele já estava, como diplomata, intermediando um acordo de paz em Timor Leste e ela, como médica, tentando salvar vidas na África. Nesse encontro, a conversa fluiu como sempre agradável, até que ele falou que estava amando outra pessoa. Natali tentou dissimular a perplexidade e acabou descobrindo que se tratava de uma pessoa bem diferente dela, bem diferente dele. Não conseguia compreender isso. Ele nunca a assumiu e agora estava disposto a assumir uma mulher com dois filhos, mais velha do que ele e ainda importunada pelo ex-marido. O que teria essa mulher? Pensou em se declarar para ele, em beijá-lo, em pedir para que ele dormisse com ela essa noite, em pedir para que ele não casasse com essa outra mulher... Não conseguiu. Desejou boa sorte ao amigo, despediu-se dele como sempre se despedia e foi chorar em sua cama solitária.
Pedro foi seu primeiro e único namorado. Estava com ele há três meses quando Dimitri apareceu na escola. Não se arrependia de tê-lo deixado. Percebeu desde o princípio que sua relação com Dimitri não seria uma amizade qualquer. Sinceramente, ela não acreditava em amizade entre homem e mulher, sobretudo se ambos fossem jovens e bem-apessoados. O tempo, porém, insistia em negar sua convicção. Dimitri tinha à época quinze anos; ela, dezesseis. Quando o viu pela primeira vez pensou:
– É ele!
Não conseguia compreender como um sentimento surgido de forma tão arrebatadora não havia ainda resultado em namoro, ao menos num namoro formalmente declarado. Depois de um começo animador, de um afago na casa da tia, os encontros largaram o rumo do namoro e seguiram a tendência da amizade. Quando no ano seguinte ele deixou a escola, os encontros foram aos poucos minguando. No segundo ano, em escolas diferentes, viram-se pouco. Já no terceiro ano, as conversas se amiudaram. Era época de vestibular. Combinaram de estudar algumas vezes juntos, de trocarem apostilas, de comentarem o livro de cabeceira. Falavam-se no telefone até tarde.
Não esquecia o dia em que foram à praia. Pela primeira vez viu Dimitri sem camisa. Era magro, não tinha músculo, o tórax pálido parecia não ter visto sol há alguns anos. Ele se pôs a ler um livro, sentado na areia, erguendo a cabeça volta e meia para contemplar uma jangada distante, enquanto ela ainda decidia se ficava ou não de biquíni. Admirava a serenidade do amigo, a sua discrição, o respeito com que ele a tratava, às vezes até demasiado. No fundo, esperava um pouco mais de ousadia por parte dele. Ele que pedisse para ela ficar de biquíni. Se não pediu é porque não estava interessado em vê-la. Ficou mesmo de calça e camisa. Abriu um livro e também se pôs a ler.
Anos depois, Dimitri confessou que estava ansioso para vê-la de biquíni e que pensou em pedi-la para tirar a roupa, mas achou que a ousadia seria mal interpretada e preferiu não tocar no assunto.
No final de um dia terrível, em que duas crianças e um adulto haviam sucumbido à epidemia, Natali recebeu no acampamento o convite para o casamento do amigo. Ficou pálida, pensou em rasgá-lo, em jogá-lo na fogueira, mas se conteve e, antes de amassá-lo, uma lágrima caiu sobre o nome do amigo. Naquela noite não conseguiu pregar os olhos. No meio da madrugada, insone, sentou-se no terreiro deserto, iluminado apenas pelo céu estrelado, e chorou copiosamente, como nunca havia chorado antes. Aquilo devia ser um pesadelo. Não podia acreditar. Dimitri não era apenas um amigo. Era muito mais do que isso. Pela primeira vez sentiu ciúme, sentiu ódio de uma pessoa cujo nome nem chegou a ler. Não teria coragem de ir àquele casamento. Não conseguiria suportar. Em um mês o seu Dimitri estaria casado com outra.
Perdeu todo o prazer no que fazia. Passou a dedicar-se mais ao trabalho para compensar a repentina falta de atenção. Não conseguia comer. As noites alternavam-se entre a insônia e os pesadelos com o casamento. Ninguém sabia o que estava acontecendo com ela. Com a imunidade baixa, não poderia desafiar o Ebola. No sétimo dia de suplício, resolveu ligar para Dimitri e pedir um encontro de emergência.
O encontro não pôde ser em Fortaleza. Dimitri estava de passagem em Joanesburgo, sem tempo, mas aceitou ir a Freetown falar com a amiga. Natali foi apanhá-lo no aeroporto e à noite foram a um restaurante às margens do Atlântico.
– Recebeu o convite? – perguntou Dimitri.
– Sim. – respondeu Natali.
Natali havia preparado um longo sermão para o amigo, com a ideia de extravasar todos os sentimentos represados há muito tempo em relação a ele. Logo que o viu, porém, deu-se conta de que uma declaração dessa natureza estava além das suas forças.
– Como vão as coisas, Dimitri? O trabalho, a noiva...?
– Suponho que você não me trouxe aqui para falar do meu trabalho, não é mesmo? Quanto à noiva, não sei de que noiva você está falando...
– Ora, a senhora dos dois filhos, perseguida pelo ex-marido...
– Não estou mais com ela...
– Nossa! Então... Bem, mas convidei-o apenas para dizê-lo pessoalmente que não vou ao casamento!
– Não vai?!
– Não vou! Tenho meus motivos para não ir. Na verdade, tenho muitas coisas para dizê-lo, mas somente consigo afirmar que achei uma afronta aquele convite.
– Uma afronta?
– Uma afronta!
– Nossa! Pensei que você iria gostar.
– Desde que recebi o convite, estou sem conseguir comer e dormir. Ando dispersa, não sei como estou indo ao trabalho.
– Não era para tanto. Pensei que você gostasse de mim...
– Claro que gosto, mas gosto de um jeito que você talvez não entenda.
– Acho que agora, definitivamente, estou entendendo.
– Se tivesse entendido não teria enviado aquele convite.
– Era apenas um convite! Não precisava convertê-lo num drama.
– Um simples convite? Depois de doze anos, Dimitri, pela primeira vez estou tendo a sensação de que você é uma pessoa fria.
– Eu? Frio?
– Desculpa, Dimitri! Sei bem que você não é frio, muito pelo contrário. É que gosto muito de você e aquele convite me abalou bastante.
– Não estou entendendo nada, Natali. Você leu mesmo o convite? Tudo bem que o recusasse, mas não havia motivo para abalo.
– Havia sim, Dimitri. Os motivos estão guardados no fundo do meu ser.
– Você é uma pessoa muito misteriosa, Natali. Pensei ter descoberto seu segredo. Enganei-me redondamente. Pensei que você me amasse.
Natali marejou os olhos de lágrimas e, desconcertada, falou:
– Eu te amo, Dimitri!
– Me ama e recusou o convite...
– Recusei o convite exatamente porque te amo. Não suportaria ver você casando com outra.
– Natali, você leu o meu convite?
– Já disse que li.
– Tem certeza que leu?
– Confesso que caiu uma lágrima em cima do seu nome.
– Qual é o nome da noiva, então?!
– O nome da noiva? Depois que li o seu nome entrei em pane.
– Hum. Acabei de descobrir o seu segredo. Você tem o convite?
– Acho que rasguei, joguei na fogueira, não sei ao certo...
– Espere, tenho um aqui, você poderia lê-lo?
– Por favor, Dimitri, não me faça sofrer mais!
– Natali, peço-lhe apenas que leia o nome da noiva, por favor.
Natali tomou o convite, hesitou antes de lê-lo, mas, de repente, uma luz enorme invadiu o seu ser, quando viu, com os olhos cheios de lágrimas, que o nome da noiva escrito no convite era: Natali.
– Não se preocupe, tia. Há duas semanas não namoro mais o Pedro.
Havia muitas afinidades entre eles. Eram interioranos, pobres e tímidos. Eram também inteligentes, idealistas e perseverantes. A escola pública era na periferia, estudavam à noite, no intervalo ofereciam-lhes droga; seria improvável eles passarem no vestibular. No entanto, com livros usados dos sebos da cidade, na primeira tentativa, os dois ingressaram na universidade pública. Ela foi fazer medicina; ele, direito.
Ele dava aulas particulares e a ajudava a comprar os livros do curso de medicina. Sempre se encontravam para longas e agradáveis conversas. Ambos se conheciam muito bem. Trocavam confidências. Gostavam um do outro, mas um gostar que, conscientemente, não ousava atravessar a fronteira da amizade.
Num dos encontros, tomaram três taças de vinho e trocaram algumas carícias. Natali pensou em beijá-lo, em contar-lhe um sonho recorrente que ela costumava ter, em perguntar-lhe o que ele sentia por ela, mas a timidez não permitiu. Ao final, ele convidou-a para dormirem juntos e ela, desconcertava, recusou.
Passaram um ano sem se ver. Ele ligou três vezes, ela não atendeu, até que ela resolveu ligar para convidá-lo para a sua colação de grau. Ele inicialmente recusou o convite, disse que estava estudando muito para o concurso da diplomacia e não poderia perder tempo com formalidades; assim mesmo, um dia antes do evento, ligou perguntando onde seria.
Natali era a oradora da turma. No seu discurso, agradeceu a Deus, à tia, à proteção da mãe já falecida, até que chegou nele, a quem dedicou uma homenagem longa e emocionante, que arrancou lágrimas e aplausos. Naquela noite eles beberam vinho até tarde. Ela havia prometido para si mesma que, se ele a convidasse novamente para dormir, ela aceitaria. Mas, nessa noite, ele não a convidou.
Dois meses depois, ele ligou para dizer que havia sido aprovado para o Instituto Rio Branco e iria estudar em Brasília. Ela ficou num misto de tristeza e felicidade e disse que ia começar a residência em infectologia.
No último encontro, ele já estava, como diplomata, intermediando um acordo de paz em Timor Leste e ela, como médica, tentando salvar vidas na África. Nesse encontro, a conversa fluiu como sempre agradável, até que ele falou que estava amando outra pessoa. Natali tentou dissimular a perplexidade e acabou descobrindo que se tratava de uma pessoa bem diferente dela, bem diferente dele. Não conseguia compreender isso. Ele nunca a assumiu e agora estava disposto a assumir uma mulher com dois filhos, mais velha do que ele e ainda importunada pelo ex-marido. O que teria essa mulher? Pensou em se declarar para ele, em beijá-lo, em pedir para que ele dormisse com ela essa noite, em pedir para que ele não casasse com essa outra mulher... Não conseguiu. Desejou boa sorte ao amigo, despediu-se dele como sempre se despedia e foi chorar em sua cama solitária.
Pedro foi seu primeiro e único namorado. Estava com ele há três meses quando Dimitri apareceu na escola. Não se arrependia de tê-lo deixado. Percebeu desde o princípio que sua relação com Dimitri não seria uma amizade qualquer. Sinceramente, ela não acreditava em amizade entre homem e mulher, sobretudo se ambos fossem jovens e bem-apessoados. O tempo, porém, insistia em negar sua convicção. Dimitri tinha à época quinze anos; ela, dezesseis. Quando o viu pela primeira vez pensou:
– É ele!
Não conseguia compreender como um sentimento surgido de forma tão arrebatadora não havia ainda resultado em namoro, ao menos num namoro formalmente declarado. Depois de um começo animador, de um afago na casa da tia, os encontros largaram o rumo do namoro e seguiram a tendência da amizade. Quando no ano seguinte ele deixou a escola, os encontros foram aos poucos minguando. No segundo ano, em escolas diferentes, viram-se pouco. Já no terceiro ano, as conversas se amiudaram. Era época de vestibular. Combinaram de estudar algumas vezes juntos, de trocarem apostilas, de comentarem o livro de cabeceira. Falavam-se no telefone até tarde.
Não esquecia o dia em que foram à praia. Pela primeira vez viu Dimitri sem camisa. Era magro, não tinha músculo, o tórax pálido parecia não ter visto sol há alguns anos. Ele se pôs a ler um livro, sentado na areia, erguendo a cabeça volta e meia para contemplar uma jangada distante, enquanto ela ainda decidia se ficava ou não de biquíni. Admirava a serenidade do amigo, a sua discrição, o respeito com que ele a tratava, às vezes até demasiado. No fundo, esperava um pouco mais de ousadia por parte dele. Ele que pedisse para ela ficar de biquíni. Se não pediu é porque não estava interessado em vê-la. Ficou mesmo de calça e camisa. Abriu um livro e também se pôs a ler.
Anos depois, Dimitri confessou que estava ansioso para vê-la de biquíni e que pensou em pedi-la para tirar a roupa, mas achou que a ousadia seria mal interpretada e preferiu não tocar no assunto.
No final de um dia terrível, em que duas crianças e um adulto haviam sucumbido à epidemia, Natali recebeu no acampamento o convite para o casamento do amigo. Ficou pálida, pensou em rasgá-lo, em jogá-lo na fogueira, mas se conteve e, antes de amassá-lo, uma lágrima caiu sobre o nome do amigo. Naquela noite não conseguiu pregar os olhos. No meio da madrugada, insone, sentou-se no terreiro deserto, iluminado apenas pelo céu estrelado, e chorou copiosamente, como nunca havia chorado antes. Aquilo devia ser um pesadelo. Não podia acreditar. Dimitri não era apenas um amigo. Era muito mais do que isso. Pela primeira vez sentiu ciúme, sentiu ódio de uma pessoa cujo nome nem chegou a ler. Não teria coragem de ir àquele casamento. Não conseguiria suportar. Em um mês o seu Dimitri estaria casado com outra.
Perdeu todo o prazer no que fazia. Passou a dedicar-se mais ao trabalho para compensar a repentina falta de atenção. Não conseguia comer. As noites alternavam-se entre a insônia e os pesadelos com o casamento. Ninguém sabia o que estava acontecendo com ela. Com a imunidade baixa, não poderia desafiar o Ebola. No sétimo dia de suplício, resolveu ligar para Dimitri e pedir um encontro de emergência.
O encontro não pôde ser em Fortaleza. Dimitri estava de passagem em Joanesburgo, sem tempo, mas aceitou ir a Freetown falar com a amiga. Natali foi apanhá-lo no aeroporto e à noite foram a um restaurante às margens do Atlântico.
– Recebeu o convite? – perguntou Dimitri.
– Sim. – respondeu Natali.
Natali havia preparado um longo sermão para o amigo, com a ideia de extravasar todos os sentimentos represados há muito tempo em relação a ele. Logo que o viu, porém, deu-se conta de que uma declaração dessa natureza estava além das suas forças.
– Como vão as coisas, Dimitri? O trabalho, a noiva...?
– Suponho que você não me trouxe aqui para falar do meu trabalho, não é mesmo? Quanto à noiva, não sei de que noiva você está falando...
– Ora, a senhora dos dois filhos, perseguida pelo ex-marido...
– Não estou mais com ela...
– Nossa! Então... Bem, mas convidei-o apenas para dizê-lo pessoalmente que não vou ao casamento!
– Não vai?!
– Não vou! Tenho meus motivos para não ir. Na verdade, tenho muitas coisas para dizê-lo, mas somente consigo afirmar que achei uma afronta aquele convite.
– Uma afronta?
– Uma afronta!
– Nossa! Pensei que você iria gostar.
– Desde que recebi o convite, estou sem conseguir comer e dormir. Ando dispersa, não sei como estou indo ao trabalho.
– Não era para tanto. Pensei que você gostasse de mim...
– Claro que gosto, mas gosto de um jeito que você talvez não entenda.
– Acho que agora, definitivamente, estou entendendo.
– Se tivesse entendido não teria enviado aquele convite.
– Era apenas um convite! Não precisava convertê-lo num drama.
– Um simples convite? Depois de doze anos, Dimitri, pela primeira vez estou tendo a sensação de que você é uma pessoa fria.
– Eu? Frio?
– Desculpa, Dimitri! Sei bem que você não é frio, muito pelo contrário. É que gosto muito de você e aquele convite me abalou bastante.
– Não estou entendendo nada, Natali. Você leu mesmo o convite? Tudo bem que o recusasse, mas não havia motivo para abalo.
– Havia sim, Dimitri. Os motivos estão guardados no fundo do meu ser.
– Você é uma pessoa muito misteriosa, Natali. Pensei ter descoberto seu segredo. Enganei-me redondamente. Pensei que você me amasse.
Natali marejou os olhos de lágrimas e, desconcertada, falou:
– Eu te amo, Dimitri!
– Me ama e recusou o convite...
– Recusei o convite exatamente porque te amo. Não suportaria ver você casando com outra.
– Natali, você leu o meu convite?
– Já disse que li.
– Tem certeza que leu?
– Confesso que caiu uma lágrima em cima do seu nome.
– Qual é o nome da noiva, então?!
– O nome da noiva? Depois que li o seu nome entrei em pane.
– Hum. Acabei de descobrir o seu segredo. Você tem o convite?
– Acho que rasguei, joguei na fogueira, não sei ao certo...
– Espere, tenho um aqui, você poderia lê-lo?
– Por favor, Dimitri, não me faça sofrer mais!
– Natali, peço-lhe apenas que leia o nome da noiva, por favor.
Natali tomou o convite, hesitou antes de lê-lo, mas, de repente, uma luz enorme invadiu o seu ser, quando viu, com os olhos cheios de lágrimas, que o nome da noiva escrito no convite era: Natali.
Eliton Meneses
A IRRACIONALIDADE E A INSENSATEZ HUMANA
(2ª parte – a saga continua,
continuação da história publicada no Blog da APL em 02/03/2015).
Continuação da saga de uma cidadã, mãe de família, nordestina, educadora e servidora aposentada, em que seus algozes (“turma sem noção” ou seria “turma do sem jeito”) não lhe dão trégua, sossego e muito menos paz ou respeito, pois desde o ano de 2002 essa luta ainda não acabou. Como disse: Vocês não vão acreditar. É que ... Pois bem!.
Toda essa história poderia ser resumida na seguinte frase: Essa turma não se cansa de bater e muito menos de apanhar.
O
incrível foi o que viria acontecer, pois o órgão do 1º emprego nos idos
do ano de 2002, o seu RH requereu oficialmente um parecer jurídico do
Procurador Federal do próprio órgão, tendo a Procuradoria expressamente
se manifestado pela constitucionalidade da acumulação dos dois cargos
públicos. Não esquecendo ainda que no ano de 2002 este órgão público
respondeu oficialmente a consulta promovida pela Secretaria de
Administração estadual (do 2º emprego), afirmando categoricamente que o
cargo exercido pela então servidora era de natureza técnica, portanto os
cargos públicos eram acumuláveis (técnico de nível médio e/ou
profissionalizante no órgão federal e o de professora estadual), face à
compatibilidade de horários.
Já
no ano de 2005, em Procedimento Administrativo aberto pelo Parquet em
2004 para averiguar supostas irregularidades na área de pessoal, a
direção de Recursos Humanos do órgão federal do 1º emprego fez
oficialmente a mesma consulta sobre supostas irregularidades na
autarquia, especialmente os casos de acúmulo de cargos. A resposta
constante do Relatório do Parquet foi clara, objetiva e pela legalidade
da acumulação, inclusive elogiando tais profissionais, por prestarem
relevantes serviços à sociedade e a educação do Estado. Esse Relatório
do MPF foi aprovado e homologado pelo órgão superior do Parquet.
Como
se não bastasse tudo isso – o que já era inacreditável (negativa de
posse pelo ente estatal em 2002, Mandado de Segurança transitado em
julgado em 2006 assegurando a posse no cargo de Professora, abertura de
Sindicância em 2009, PAD em 2010, com a Professora já aposentada por
invalidez em 2010 publicada no DOE – Diário Oficial do Estado, e apesar
do ofício de encaminhamento e processo de autorização da aposentadoria
ter sido expedido no 2º semestre de 2009 pela mesma Secretaria de
Governo que abriu o PAD em 2010), é que a servidora aposentada é
surpreendida em 2011 para responder e se defender a uma sindicância
sobre acúmulo de cargos públicos pelo órgão federal - 1º emprego (aquele
mesmo que em 2002 a sua Procuradoria Jurídica expediu Parecer
fundamentado pela acumulação legal dos cargos públicos, de ter expedido
ofício ao ente estadual afirmando que o cargo de nível médio era de
natureza técnica, e de ter oficialmente questionado o MPF sobre esse
mesmíssimo tema/assunto e o Parquet manifestado favoravelmente pela
acumulação), tendo durado até o ano de 2012.
Nos
anos de 2011 e 2012, foram apresentadas tempestivamente duas
defesas/respostas (com farta documentação) para encartar no processo de
sindicância visando apurar suposta irregularidade na acumulação dos
cargos públicos, mas o órgão ignorou, não considerou e não levou a
sério, e ainda nada fez de ético (como se ela não tivesse apresentada
nenhuma defesa, vez que nada foi enviado e/ou informado a Corte de
Contas), e selou o seu futuro incerto, turvo e nebuloso. Ciladas e
armadilhas foram perpetradas por alguns ex-colegas de trabalho, mas toda
a trama está sendo denunciada, desmascarada e registrada nessas
respectivas defesas (ficou por isso mesmo e ninguém foi responsabilizado
administrativamente até agora). Quando imaginou que não seria mais
incomodada, e o mais absurdo e surpreende acontece: é notificada pelo da
abertura de um PAD em 2013, dando prazo fatal de 10 (dez) dias para
optar por uma das aposentadorias.
Como
adiantado, o lamentável, o inesperado e o inimaginável aconteceu em
fins de 2013, quando numa linda manhã ensolarada, estando em sua casa
cuidando dos seus afazeres domésticos, e na condição de há quase quatro
anos na inatividade dos dois cargos públicos exercidos legalmente desde o
ano de 2002, a aposentada é surpreendida em seu portão por um
mensageiro/portador de um envelope onde constava uma intimação oficial
do órgão federal - 1º emprego, comunicando da abertura de um PAD
(processo administrativo disciplinar), em que dizia do prazo fatal de
dez dias para optar por uma das aposentadorias (estadual ou federal,
referentes aos dois cargos públicos exercido na atividade), oportunidade
em que deveria apresentar defesa prévia, apesar de já constar o anúncio
da degola.
Segundo
ela, todo o pesadelo veio à tona novamente, como um filme de terror que
passa na mente de quem vem sofrendo há mais de 13 (treze) anos
verdadeiro, vergonho e brutal processo de perseguição administrativa. A
intranquilidade, a incerteza e o desassossego se instalaram novamente em
sua vida, pois já tinha enfrentado o mesmo problema desde o ano de 2002
(MS/STJ), e que perdurou até meados de 2011 (que, enfim, surtiu efeito,
pois “a turma dos sem noção” e/ou seria “turma do sem jeito” botaram a
viola no saco e pararam de incomodar, ou se mudaram para aporrinhar
outra freguesia). Diante das novas ameaças e abusos, buscou a mesma
ajuda especializada que já lhe havia socorrido quando da bronca
estadual.
O
pior de tudo isso ainda é ver e ler em uma Ata de reunião da Comissão
do PAD a velada e expressa tentativa de prévio e antecipado linchamento
administrativo da aposentada, quando notificada do PAD numa quinta-feira
do mês de outubro/2013 e entregue sua Defesa na manhã da outra
segunda-feira (no 11º dia), ver registrado em documento oficial que a
acusada não apresentou defesa e nem provas ou contraprovas, e como se
não bastasse essa teratologia administrativa, o mesmo incontroverso
abuso e absurdo foi reproduzido nas peças judiciais de dois Procuradores
do órgão de defesa da autarquia federal. Segundo a aposentada e seu
defensor, não há dúvidas da necessidade de algumas pessoas voltarem aos
bancos escolares lá do primário/1º grau menor para aplicarem
corretamente a aritmética / matemática (a velha Tabuada), além de ler
atentamente o CPC e Normas pertinentes (prazos/contagem de prazos). É
muito lamentável e lastimável a que ponto o ser humano é capaz de chegar
e/ou praticar atos reprováveis e inimagináveis no afã e na vã tentativa
de prejudicar deliberadamente uma cidadã. Só por essa aberração
administrativa (existem outras flagrantes irregularidades e
ilegalidades) o PAD não podia/deveria subsistir.
Prontamente
o especialista preparou em fins de 2013 mais um Mandado de Segurança
com pedido de Liminar, visando garantir o seu direito de continuar
recebendo legalmente as duas aposentadorias e anulação do PAD, em face
do acúmulo legal dos dois cargos públicos desde o ano de 2002, tudo em
respeito aos princípios constitucionais e legais: da segurança jurídica,
da cidadania, da dignidade da pessoa humana, da boa-fé, da proteção à
confiança, da estabilidade das relações jurídico-sociais, da proteção à
família, da irretroatividade, da irredutibilidade salarial, do ato/fato
consumado, da estabilidade e do equilíbrio financeiro, da coisa julgada,
do ato jurídico perfeito, do direito adquirido, do devido processo
legal (das duas aposentadorias), da prescrição e/ou decadência e da
proibição da prática de atos próprios contrários, isto é, o de que
ninguém pode vir contra os próprios atos (equivalente axiológica da
preclusão lógica/consumativa).
O
Juízo federal, após ouvir os impetrados, lavrou fundamentadamente
Decisão Liminar deferindo o pedido autoral* (1º “anjo da guarda”), e
após ouvir os interessados e o Parquet, a mesma foi agravada (AI), sendo
mantida a Decisão agravada por seus próprios fundamentos** (2º “anjo da
guarda”).
Nesse
interim, crente a aposentada e seu defensor de que a Justiça tarda, mas
não falha e não falta, é que no ano de 2014, o Tribunal de Contas
Estadual (TCE) homologou e ratificou a aposentadoria da professora
aposentada em 2010, tudo publicado no Diário Oficial (DOE).
E
graças ao Defensor, aos Anjos da Guarda e principalmente de Deus, que
Decisão de mérito do 1º grau determinou o seu arquivamento definitivo e
vedou a abertura de qualquer outro PAD para apurar acúmulo de cargos.
*** (3º “anjo da guarda”).
Advindo
a sentença de mérito do MS em princípio de 2015, sedimentando o
entendimento da acumulação legal dos cargos públicos na atividade e
acumulabilidade das aposentadorias, confirmando a Liminar e concedendo a
segurança*** (3º “anjo da guarda”).
Do
resultado da análise meritória houve o apelo voluntário (além da
remessa oficial obrigatória), sendo respondido a tempo e modo. O TRF irá
analisar e apreciar a matéria (MS, AI e AC).
A
esperança, a luta e o drama humano da aposentada por Justiça há cerca
de quinze longos anos continuam. A tranquilidade, o sossego e a paz tão
almejados pela desbravadora nordestina-nortista continuam aguardando a
manifestação da nossa douta Justiça.
Será
que a 3ª Parte de A Saga Continua está se revelando ainda mais cruel!? O
mais inacreditável ainda acontece!. Pois bem, o ano de 2016 nem tinha
começado direito, e o inimaginável, o inesperado, o imponderável e o
teratológico mais uma vez acontece. – A ameaça é real e iminente. -
Novos representantes da “turma sem noção” também rasgam (e violam
literalmente) algumas Cláusulas Pétreas da CRFB/1988. – A ordem jurídica
ferida precisa ser restabelecida. - Os Anjos da Guarda na terra também
não se cansam (ainda bem) e são novamente chamados e acionados;
Não
é replay. Repetimos: A saga continua. Mas a história desse capítulo é
diferente. Muito mais ainda do que vocês possam imaginar e não vão
acreditar! Já ouviram falar de uma situação real em que uma decisão
administrativa proferida depois de mais de uma década tenta enfrentar e
anular uma coisa constitucionalmente julgada!?. É isso mesmo. É
inacreditável e inimaginável, é teratológico, ou seria outra coisa?.
Replicamos: A saga continua ... E parece não ter fim. Não esqueçam, tudo
começou em 2002.
(*)
Decisão Liminar: “Diante do exposto, defiro a liminar para sustar os
efeitos do procedimento administrativo disciplinar nº ..., instaurado em
desfavor da impetrante, até julgamento final desta ação, ...”.
(**) Decisão: “Não havendo inovação fática, mantenho a decisão agravada por seus próprios fundamentos.“.
(***)
Sentença: Dispositivo. “Diante do exposto, confirmo a liminar e concedo
a segurança, determinando o arquivamento definitivo do Processo
Administrativo nº. ... e vedando a abertura de novo processo
administrativo para apurar a acumulação dos cargos pela autora da ação
mandamental.”.
COSMO CARVALHO
domingo, 7 de maio de 2017
ODE A BELCHIOR
Tua palavra cantada
Com muita indignação
Teu verso bem calibrado
Cativou essa Nação
Teu grito foi nosso grito
Me sinto bem um cabrito
Com o verso da tua mão!
Nossa juventude sabe
Há muito reconhecer
O valor da tua voz
E nunca esmorecer
O verso de Belchior
Já sabia minha vó
Faz o chão estremecer!
Verso enxuto, bem vestido
Com a chita da bonomia
Com o traço bem tramado
Nos vales da boemia
Lá no céu hoje tem festa
Eu queria só a fresta
Pra curtir essa orgia!
João Teles
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