quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

AS CHAPELEIRAS DA ZONA NORTE

É muito comum nos municípios da zona norte do Estado a figura da artesã, que trabalha com palha de carnaúba, conhecida na região de Coreaú e Frecheirinha como chapeleira. Fazer chapéu é uma arte que exige denodo e dedicação. Elas fazem urus, bolsas e chapéus. Este último muito utilizado pelo homem ou em hortas. O chapéu de qualidade inferior e, portanto, mais barato, é usado para receber as mudas de planta. As artesãs não recebem quase nada pelo que fazem, uma vez que a produção é vendida por muito pouco dinheiro. Num dia de serviço uma delas faz 8, 10 chapéus, que vendidos a R$ 0,60, R$ 0,70 não significam muito. Mas elas não deixam de produzir, até porque não têm outra atividade. Têm as que gostam do que fazem, evidentemente, e aproveitam o tempo de trançar as palhas para por a conversa em dia e fazer novas amizades. Se os maridos pedem para parar, ouvem logo o recado de que elas precisam ter seu próprio dinheirinho. Sem contar que muitas ajudam no sustento da casa. A arte com palha, como outra qualquer, ajuda na sensibilização da pessoa, o que a torna mais tolerante e humana. Uma atividade física e mental sempre faz bem a qualquer pessoa. E com as chapeleiras da zona norte não é diferente. Os locais da casa mais usados por elas para o "fazer chapéus" são as salas amplas e arejadas e, claro, os alpendres. Sempre com um radinho ou uma TV de lado, as chapeleiras não dispensam uma musiquinha ou uma boa novela. Até porque, de um enredo de novela para um bom bate-papo, é um passo! Às vezes, aparece um gato manhoso ou um cachorro dorminhoco, para fazer companhia às mulheres. E, se a "comadre" mora noutra casa ou mais distante, o velho guarda-chuva nunca é esquecido! Assim é vida simples, mas prazerosa das artesãs da palha da zona norte.

João Teles de Aguiar
Membro da APL

[Texto originalmente publicado pela revista Sincom, do Sindicato dos Corretores de Moda, que tem membros coreuaenses.]

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