A grota cheia virava um lugar de fuzarca. O namoro do bode uma espiação. O do calando, uma gozação. Açude sangrando era motivo de festa; a cata de guabirabas era uma brecha (sem trocadilho) prum chamego. Um gancho de cipó era transformado numa bicicleta; o carrinho de roda era motivo de vaidade e status; dois pedaços de casca de pau, com uma folha verde no meio, virava uma gaita improvisada. O talo do pé de jerimum, idem. Uma árvore qualquer (de galhos generosos) virava um parque de diversão. Um buraco no chão - um barreiro -, uma farra coletiva. Nossa felicidade era tamanha, que punha pro alto as "necessidades" dos tempos bicudos; tempos em que as mães davam aos filhos o desenxabido mingau d'água. Assim, quando morria um boi, abatido pelo golpe cruel do machado, era uma semana de feriados e de barriga cheia. Nem a cabeça (com aquele olhos que nos seguiam) ia pro mato! A gente quase aproveitava até o berro do bicho! Tempos difíceis de governos ausentes, distantes, insensíveis, acanalhados, (tempos em que ainda endeusavam um tal 'Vrigílio')... Como hoje!
João Teles de Aguiar - sócio-fundador da APL
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