quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

UMA HOMENAGEM AO MENINO FRANCISCO LUCAS CAVALCANTE SILVA

O pequeno estudante tinha um sonho, como qualquer criança de sua tenra idade. 
Brincar com os colegas e amigos, estudar, fazer os deveres de casa, ir à Escola etc..
Para no futuro ser útil à sociedade, trabalhar e constituir sua própria família,
Para a alegria e orgulho de seus pais e atendimento ao enunciado bíblico.
Mas a insensatez humana lhe roubou o futuro. O presente não mais existe.
Só restaram a saudade, a dor e as lembranças do passado tão curto, pois não lhe deram chance de ter o amanhã. Talvez o destino tenha a sua parcela de contribuição, por não se saber os desígnios de DEUS. 
O fato é que naquele lindo dia de 19/11 (Dia da Bandeira) do ano de 2015, ao começo da bela manhã ensolarada na zona rural de Coreaú, sua mãe o embarcou no tal “ônibus escolar” para levá-lo à Escola, como fazia todos os dias. O transporte estava sempre lotado de crianças, mas sequer LUCAS chegou à Escola, pois o caminho da Escola foi tragicamente interrompido quando foi lançado para fora do veículo pelo para-brisa, e jogando-o ao chão, tendo morte imediata, instantânea, e tudo fruto do descaso e negligência do Poder Público. LUCAS é mais um anjinho no Céu.
As Leis da Física (Lei da Quantidade de Movimento e a da Inércia) e o DN não negam.
Se o tal “ônibus escolar“ tivesse os cintos de segurança nos bancos, certamente ele estaria vivo na casa dos seus pais. 
Mas não, é todo irregular: pneus carecas, ferrugem, extintor de incêndio ninguém sabe, sem identificação horizontal indicando transporte escolar, monitor responsável dentro do ônibus ninguém sabe, sem sinto de segurança nos bancos do velho e surrado veículo de mais de vinte anos de uso, além do motorista que não seria habilitado para dirigir o Amarelão. 
O pai de LUCAS (Sr. José Francisco da Rocha) já havia reclamado e denunciado à gravidade do caso do veículo a diretora da Escola, mas nada foi feito e nenhuma providência foi tomada para amenizar ou resolver os graves problemas do transporte escolar daquela zona rural. E ninguém fez nada. E a tragédia anunciada, infelizmente aconteceu.
E os tais órgãos fiscalizadores (Prefeitura Municipal de Coreaú/Secretaria Municipal de Educação, Ministério Público do Estado do Ceará, Defensoria Pública, Conselho Tutelar, TCM, TCE etc.) onde andavam/estavam e o que faziam, enquanto debaixo dos seus olhos e de suas narinas as Leis e as Normas pertinentes de transporte escolar eram permanente e diuturnamente afrontadas, violadas e desrespeitadas (CRFB/1988, CBT, ECA etc.), e nada era ou foi feito?! Pois se algo tivesse sido feito, não impediria de ocorrer o acidente (pois acidentes acontecem), mas a vida da criança não teria sido grotescamente sacrificada. E não foi por falta de aviso não. O pai de LUCAS já havia reclamado e denunciado os graves problemas do ônibus a diretora da Escola e o Jornal Diário do Nordeste fez e estampou uma extraordinária e completa reportagem especial com o título “(DES) CAMINHOS DA ESCOLA” nesse mesmo corrente ano de 2015 alertando e denunciando tudo e todas as irregularidades, e mesmo assim, ninguém fez nada e nada foi feito para amenizar e/ou resolver os graves problemas, salvo uma operação policial noticiada naquele mesmo dia. 
O desabado do pai de LUCAS registrada na matéria do DN ao saber do trágico sinistro é de sensibilizar e chocar qualquer pessoa, menos as insensíveis e, ao que parece, de quem teria o dever de evitar que isso acontecesse, pois não há como não se indignar com a situação e com o ocorrido.
Se o Poder Público trata as crianças de hoje dessa maneira, como quererão que sejam os homens do amanhã?!.Muito menos seremos uma “Pátria Educadora.”. Pêsames a família enlutada.

COSMO CARVALHO

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

É dez!!!

Isso mesmo. Em quinhentos anos de Brasil o Exame Nacional do Ensino Médio-ENEM fora a mais genial criação de que temos notícias. E os bons frutos desta semente colheremos num futuro não tão longínquo, não tenho dúvidas disso. Eles, os frutos, serão no porvir a comprovação e validação destas mal traçadas linhas. Podes crer. Não a atoa, uma elite privilegiada que sabiamente já conhece os benefícios do mesmo para a grande massa de brasileiros excluídos sempre foi e ainda é contra o mesmo.

O profissionalismo das pessoas envolvidas neste evento majestoso (leia-se, aplicadores de provas, fiscais, professores, secretários e diretores escolares, dentre outros que direta ou indiretamente fazem parte do dia a dia da lide docente) dar orgulho a quem exige qualidade num momento singular na vida de estudantes que almejam adentrar ao ensino superior. Isso é indiscutível. Isso é inquestionável.

Falo isso, falo não, escrevo estas mal traçadas linhas com conhecimento de causa e por ser personagem ativo e passivo dos dois momentos da educação brasileira: O antes e o depois do ENEM. Como alunos e como professor. Pela segunda vez, sem propósitos audaciosos me submeto à prova única. Desde a primeira vez em 2011, já teci comentários semelhantes.

Por que é dez? Por que um exame de seleção que além de avaliar milhões de alunos neste Brasil continental e ainda os permite concorrerem à vagas no ensino superior simultaneamente em várias universidades não pode ser ignorado muito menos visto como uma coisa de pouco valor. Isso é o que chamamos de racionalização de gastos e tempo. É o tal de matar dois, dois não vários coelhos com uma pedrada só…

Com quase meio século de vida, sentar em uma sala, juntamente com uma juventude ávida por conhecimento e cheia de sonhos me dar uma satisfação sem tamanho. É como se eu recebesse um sopro de vitalidade e jovialidade. Isso não tem preço… E em assim procedendo eu pude comparar o valioso momento porque passamos hoje com o nosso momento quando em mesma idade destes jovens num pretérito não tão distante urrávamos para disputar vaga em apenas uma universidade.

Isso mesmo. Há menos de duas décadas meus caros jovens concorrer a vários cursos através dos tradicionais vestibulares nas inúmeras universidades era um privilégio de poucos. Justamente destes poucos que hoje atiram pedras no ENEM.

Já leram aquele provérbio que diz: “Só se atira pedra em árvores carregadas de bons frutos.”? Pois é isso ai. A critica descabida é justamente porque o mesmo tem suas inquestionáveis qualidades, técnicas, sociais, científicas dentre tantas outras inumeráveis ante meu paupérrimo vocabulário. Não nos acanhemos então antes aos retrógrados e conservadores de plantão sempre dispostos a atravancar o progresso social de um povo que já está atrasado em quinhentos anos. Ah… E não se esqueçam. Frequentar as empresas que comercializam “educação” a preço de ouro não é mais um grande diferencial para se ter sucesso neste exame. Basta compararmos os conteúdos programáticos oferecidos tanto no ensino publico como no privado. A construção do mesmo, ou seja do ENEM, teve como cerne promover a universalização do acesso independentemente da origem de seus concorrentes.

E por assim eu pensar, mais uma vez eu digo e quem não concordar que busque saber mais e mude o pensamento: “-O ENEM é dez… Isso mesmo… DEZ!!!”

Manuel de Jesus da Silva
(Velho)

terça-feira, 1 de setembro de 2015

UM PÉ DE QUÊ?


Já era época de fins d’água, pelo ano de 1930, quando meu avô, ainda rapaz, o Major Tôrres, retornava montado em seu cavalo de uma quermesse em um distrito da cidade do Ipu, no sopé da Serra da Ibiapaba. Era noite, por volta de dez horas, e, como a lua fora cheia na mesma semana, ainda iluminava bem o caminho (era costume comum daquela época viajar em tempo de lua cheia). Quando chegou na passagem do Escondido, o caminho passava por baixo de um vasto mangueiral, sendo considerado assombrado por muitos. A luz de prata da lua não penetrava por entre a copa das mangueiras, fazendo do caminho uma escuridão assustadora e o vento ajudava com os seus caprichos a dar asas à imaginação. Ele já ia na metade do caminho quando de repente algo lhe tirou o chapéu da cabeça! Assustado, parou de imediato o cavalo e permaneceu paralisado do susto e esperando por mais alguma visagem. Nada aconteceu. Então ele recuou o animal um pouco e começou a procurar o chapéu. Achou-o e o colocou na cabeça e fez o cavalo andar. Novo susto, pois em um repente caiu o chapéu novamente. Ficou paralisado, atento a qualquer movimento que denunciasse o acontecido, mas nada percebeu e tateou no chão procurando o chapéu até encontrar e colocou na cabeça. Fez o animal andar e outra vez algo quis derrubar o chapéu, só que nessa ocorrência a raiva venceu o medo e num movimento rápido ele segurou o que tinha derrubado. Sentiu que era frio e começou a tatear para identificar do que se tratava e, para seu espanto, descobriu o pé de uma pessoa que estava pendurada enforcada e já em óbito. Esporou o cavalo com força e saiu em disparada sem olhar para trás. Meu avô nunca soube qualquer notícia do ocorrido e se foi real ou assombração!

Cláudio César
Engenheiro Agrônomo

segunda-feira, 25 de maio de 2015

TEUS OLHOS

Leio em teus olhos
Tudo o que eles querem dizer
A tristeza é tão visível
Que não pode esconder

Juras e cumplicidades
Desaparecem sem deixar
Nome e motivo,
Mas o silêncio no ar
Risca com tanta força,
Que jamais apagará
O pedágio transitado
Sem preço particular

Negros, negros, que cintilam
Como a lua reluz no mar
Em noites esperançosas
De que algo mudará

Como o orvalho
Que molha as folhas
Seus olhos escorrem
Face abaixo
Molhando o seu coração 
Que por um bem querer
Não para de sofrer

Airla Barbosa
Membro da APL

quinta-feira, 14 de maio de 2015

O MENINO JOSÉ



Em uma pequena cidade no interior do Ceará vive uma alegre criança chamada José. Cheio de saúde e com uma grande quantidade de energia para gastar, José brinca todos os dias com seus colegas e amigos ao lado de casa. Suas brincadeiras preferidas são: esconde-esconde, polícia e ladrão, pega-pega, cobra cega, queimada e pião. 

Certo dia, em seu aniversário de oito anos, José ganha de familiares e amigos vários presentes. Dentre estes estava um smartphone, um tablet e um Playstation 3. Como era muito esperto e inteligente logo se adaptou as novas tecnologias que ganhara. 

Os pais o ajudaram na utilização desses aparelhos, além disso, compraram uma série de jogos para PS3, baixaram uma gama de jogos e aplicativos para o smartphone e tablet, e aumentaram o plano de internet. Eles tinham o objetivo de manter José dentro de casa, pois tinham medo de deixá-lo envolver-se em atividades ao ar livre, onde estaria, segundo eles, mais exposto ao perigo. 

O tempo foi passando e José foi gradualmente se viciando em jogos e internet, principalmente depois de criar para si uma rede social. Os pais não estabeleceram limites ao filho na utilização das novas tecnologias e estas, ao invés de ajudar, causaram problemas ao menino. 

José se distanciou dos amigos com os quais brincava, pois o tempo que tinha livre passava jogando ou então conectado ao mundo virtual. Na escola, ele passou a ter dificuldades a aprender o conteúdo passado pelos professores, afinal não parava de pensar nas atividades que exercia no tempo livre. Aquele menino, que antes era delgado e tinha um corpo fininho, devido à má alimentação e ao sedentarismo começou a ficar obeso. 

José, enfim, depois de seu aniversário nunca mais foi o mesmo!

Hélio Costa
Membro da APL

quinta-feira, 5 de março de 2015

GUERREIROS(AS) DO SERTÃO


Ao cantar do galo, como de costume, seu José acorda. Após amolar a foice e organizar os instrumentos de trabalho ele deita em seu "tucum", armado no alpendre da casa. Na ocasião, observa o nascer do sol e, ao mesmo tempo, analisa como será o clima do dia. A maioria das vezes, de forma incrível, ele acerta; outras, entretanto, não! 

Dona Rita, mulher de seu José, sabe que quando o marido deita-se no tucum é porque o mesmo está à espera de seu delicioso e tão almejado café. Por isso, acorda-se ao mesmo tempo do varão, faz o fogo à lenha e produz a bebida. Quando as condições estão favoráveis o café é tomado junto com pão, tapioca ou beiju, mas quando não estão o jeito é bebê-lo escoteiro.

Com cinco filhos para criar, seu José sabe que a ‘mordomia’ é curta e que logo terá que se dirigir à roça, juntamente com seus três filhos, os quais, apesar de serem menores, compreendem a importância de ajudar o pai na manutenção da casa. As filhas, todavia, ficam na companhia da mãe e a ajudam na organização do lar. Ambos os pais entendem que a educação é primordial e que somente ela poderá dar um futuro diferente aos filhos. Por isso, respeitam o tempo que eles necessitam à escola. Assim, os filhos se eximem da responsabilidade no momento de estudo, mas tendo que contribuir em outra ocasião. 

Seu José, com a foice e uma "cabaça" d’água no ombro, se encaminha ao serviço. Trabalha, em meio ao sol impiedoso, de sete às onze horas da manhã e de uma às cinco horas da tarde. Assim, é sua labuta diária. 

Nota do autor: Essa história fictícia, mas que trata de uma realidade comum do sertão nordestino tem por objetivo apresentar um pouco da vida dos agricultores de nossa região, os quais enfrentam diariamente as intempéries da natureza para colocarem comida sobre a mesa. O processo da lavoura (roçar, queimar, plantar, capinar, cuidar e coletar) exige muito dos trabalhadores rurais, que carregam em sua pele as marcas do sofrimento. Como se não fosse suficiente, ainda são obrigados a direcionar seus filhos à lavoura, tendo por fim a diminuição e avanço do serviço laboral. Não é por que querem, mas sim por que a necessidade os impõe, afinal nenhum pai responsável deseja infortúnio ao seu próprio filho. 

Hélio Costa
Membro da APL

segunda-feira, 2 de março de 2015

PERENE

Perene é a canção sincera
E, perecendo o corpo,
Permanece, então,
Como fluido e como gérmen
De outra nova afloração.
Perene é o carinho,
A caridade, o amor…
O tempo é limitado,
Mas há de se recompor
Tudo o que se perdera
Pelo ódio e seu torpor.
Perene, a realidade
Que não cabe na ideia.
Vês, o horizonte largo
Que se amplia à Odisseia
De teus dias e ambições.
Porque perene não é o fim,
Perene é o recomeço.

Benedito Rodrigues
Membro da APL

DESALINHADA

Você é o paraíso, que vejo amanhecer
Tão boba só sorrisos, conhecer o bel prazer
É o dia que raia, com todo o seu esplendor
Vontade própria muito sadia, inspiração
Ao meio dia, correnteza desalinhada
Sem rumo certo e sem parada
Limite algum impede a ida
Desbrava sonhos
Que lhe guiam!
Emudece
Esquece
Padece!
Viva
Vida
Vital!
Feliz!
Vive pra sonhar
Espreita, mira, respira
E pode tudo recomeçar!
Alento, força, tecem caminhos,
Que marcarão aonde chegar! Propósito,
Cabeça feita, deita, recosta, gosta, e sabe
O quê quer conquistar. Ama, fama, saber, e um
Dia pode ser, que o disfarce deixe, a camuflagem
Que tudo esconde e imponha a hora de aparecer.
Deixar de viver pra vida e a vida poder viver.
Com esmero, afeto e muito prazer!

                                                                         
Airla Gomes
Membro da APL

A IRRACIONALIDADE E A INSENSATEZ HUMANA

Era meado do ano de 1986, em que uma brasileira, nordestina, recém-casada, buscou os ares nortistas para acompanhar o seu marido e lutar por dias melhores para si e sua futura prole. Em 1988, já na condição de mãe, tornou-se servidora pública dedicada e responsável. E a partir de 1996, com o incentivo, apoio e ajuda oficial do Órgão resolveu turbinar o seu lado intelectual e profissional, fazendo cursos (profissionalizante, graduação e de pós-graduação) na área técnico-educacional, culminando com o êxito no concurso público do magistério no ano de 2002, passando então a trabalhar acumulando dois cargos públicos com empregadores distintos. Mas nada foi fácil, pelo contrário, muito difícil mesmo, uma verdadeira epopeia, que parece não ter fim e nem descanso. É inacreditável. Eis uma pequena síntese dessa dramática história de vida humana, luta e de trabalho, que só a irracionalidade e a insensatez humana promovida por alguns tentam fazer para prejudicar alguém, frustrando e vitimando ao longo de mais de doze anos uma cidadã brasileira, nordestina, educadora, mãe, profissional trabalhadora e sua família, além de tentarem ignorar e afastar a Constituição da República Federativa do Brasil/1988 e algumas Leis, além de negar vigência a alguns princípios-normas e/ou normas-princípios balizares do Estado Democrático de Direito Social, que abriga entre outros princípios os da: segurança jurídica, confiança, irretroatividade, proteção à família, boa-fé, dignidade da pessoa humana, cidadania, vedação da prática de atos contraditórios, estabilidade das relações jurídico-sociais etc.. Mas, segundo ela e seu defensor, com fé e com a ajuda e benção de DEUS, e de pessoas sábias, sensatas e equilibradas, eles não conseguiram.

Primeiramente, que apesar de aprovada e nomeada professora por Decreto/Portaria publicado no Diário Oficial, à Administração Pública surpreendentemente negou a sua posse sob a alegação de acúmulo ilegal de cargos públicos (CRFB/1988, art. 37, XVI). Diante da negativa, tomou as medidas legais cabíveis, e por força de Liminar em Mandado de Segurança, lhe foi assegurado o direito de tomar posse no seu cargo/função de professora, entrando em efetivo exercício ainda em 2002, vez que já vinha exercendo esse mister de forma precária e cumprindo a mesma carga horária de trabalho (contratação direta/seletivada). O processo tramitou e chegou até o tribunal da cidadania - STJ, logrando êxito a impetrante/professora/servidora, posto que negou provimento ao REsp estatal, tendo transitado em julgado em agosto/2006. Nesse interim, mas ainda resgatando lá no ano de 2002, a Administração (2º emprego) faz consulta formal ao outro órgão público (1º emprego) em que a servidora/professora trabalhava/acumulava, e este respondeu satisfatoriamente todas as indagações, principalmente afirmando categoricamente que o acúmulo dos dois cargos públicos era legal (cargo técnico de nível médio cumulando o de professora), inclusive reforçado por um Parecer do Procurador Federal do próprio Órgão e também do MPF, no mesmo sentido – cargos públicos acumuláveis, vez que atendida e satisfeita a compatibilidade de horários no exercício desses cargos/funções públicas.

Inesperadamente, num exame de rotina realizado em fins de 2007, veio a triste constatação: estava acometida de doença grave (especificada em lei). Outros dois exames confirmaram a neoplasia. Agora, a batalha não era só pela sua dignidade de cidadã, mulher, mãe, servidora, educadora e profissional, mas também pelo seu bem-estar e de sua própria vida. Após o prazo legal dos afastamentos para tratamento de saúde da neoplasia maligna, aposentou-se regular e legalmente dos dois cargos públicos no ano de 2010 (o 1º, por tempo de serviço e o 2º por invalidez permanente).

Pois bem, é inacreditável e ninguém espera ou aguarda isso. Apesar do trânsito em julgado do MS em 2006, à Administração Pública (2º emprego - professora) publicou anos depois (já na condição de aposentada por invalidez permanente por ato publicado no Diário Oficial pelo órgão previdenciário), e ainda no dia do mestre (15 de outubro), uma Portaria no Diário Oficial, determinando a abertura de um PAD – Processo Administrativo Disciplinar, com prazo de dez dias para optar por um dos empregos (aposentadorias), é mole (essa “turma sem noção” ou seria “turma do sem jeito” que não quer deixar a aposentada em paz?!), sob a alegação de acúmulo ilegal de cargos públicos pela professora aposentada (coisa julgada que afastou as supostas ilegalidades). E tudo isso, após a servidora responder a uma sindicância sobre o mesmo tema/assunto, quando já trabalhava normal e concomitantemente nos dois órgãos públicos, mas ainda tramitava o MS nas diversas instâncias do Poder Judiciário. A resposta a esse absurdo, ilegalidade, velada perseguição do Poder Público por patrocinar mais uma vez essa aberração, monstrengo, teratologia e anomalia administrativa (PAD), inclusive com parecer jurídico equivocado, desfundamentado e desatualizado de uma procuradora (sem noção), foi dura, firme, implacável, fundamentada, convincente e tudo nos devidos termos e conformes legais e jurídicos que o caso e a situação do momento impuseram para repelir a injusto, absurdo e inesperado destempero administrativo patrocinado pelo Poder Público, que, enfim, surtiu efeito, botaram a viola no saco e pararam de incomodar, e/ou se mudaram para aporrinhar outra freguesia (servidores). Também, não era pra menos. Onde já se viu, a lide resolvida judicialmente com o trânsito em julgado declarado, publicado e certificado pelo STJ em agosto/2006 e o processo baixado para a Vara Cível de origem, e já ocorrido a publicação no Diário Oficial da portaria de aposentadoria pelo órgão previdenciário, e o Agente Político sem noção faz publicar ato administrativo/Portaria de abertura de PAD no dia do mestre, já com a servidora – professora na condição de aposentada por invalidez permanente alguns meses antes dessa inacreditável teratologia jurídico-administrativa! Ninguém merece isso. Será que só acontecem esses absurdos no Brasil?!


Como se vê, não tem qualquer cabimento o Poder Público não querer respeitar/observar a coisa julgada e o devido processo legal da aposentadoria por invalidez. Se ele não quer obedecer a uma decisão transitada em julgado proferida por um Tribunal Superior, como é que ele quer que suas ordens/decisões administrativas sejam cumpridas pelos administrados?. Sem olvidar os princípios do Estado Social Democrático de Direito, segurança jurídica, dignidade da pessoa humana, proteção à família, boa-fé, confiança, irretroatividade, da vedação da prática de atos contraditórios, da estabilidade das relações jurídico-sociais, o direito adquirido, a coisa julgada etc.. Quem fez isso? Uma “autoridade administrativa” chamada “agente político” com formação jurídica plena (deve fazer parte da “turma sem noção”). Pode... É inaceitável. É inacreditável. É ilógico e irracional. É o cúmulo do absurdo. Esqueceram todos eles que a função primordial do Direito e, consequentemente da Justiça, é a pacificação social através da resolução dos conflitos, e não a perpetuação ou a não solução dos mesmos.

Mas se acharam muito o absurdo já narrado acima, o inesperado e o inimaginável ainda estava para acontecer. Lembram-se ainda daquele pessoal que não tem coisa melhor para fazer (“turma dos sem noção”) e derrotada (judicial e administrativamente), que fez consulta oficial sobre acumulação de cargos públicos ao outro órgão/emprego (1º) em 2002 sobre a servidora/professora, pois bem. Vocês não vão acreditar. É que...


E. T.: O andamento e o desfecho final dessa dramática e real história humana, que ainda não acabou, será contada/relatada nos próximos capítulos. Por enquanto é isso. Mas já é um bom aperitivo. O suspense, acreditem, continua até mesmo para a aposentada, seu defensor e para esse neófito projeto de cronista, narrador, memorialista, escritor ... Muito obrigado. Até a próxima, tchau.

COSMO CARVALHO
Membro da APL

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

FAMÍLIA

É, família é tudo
Tudo que precisamos ter
É a essência do ser
Do ser feliz
Do ser fraterno
Família, amor eterno.
Pobre quem não a tem
Coitado, pobre ser
Não tem com quem contar
Ao se entristecer
Não tem com quem sorrir
Quando a alegria surgir.

Família unida é tudo
Alegria para a alma
Onde o diálogo traz calma.

Claudene Teles
Araquém, Coreaú-CE

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

CAMPO DA BARRAGEM


Quando o dia amanhecia em Coreaú, no início dos anos 1980, especialmente nos finais de semana, a primeira providência era me juntar ao irmão Gerôncio, aos amigos de infância do bairro, mais precisamente aos da Rua Joaquim Machado (onde morei), Rua do Peão, Rua de Baixo (Rabo da Gata) e Rua dos Boeiros (apelido de uma família), a fim de jogarmos de bola (futebol) no campinho da barragem que dá acesso hoje à ponte do Rio Coreaú rumo ao distrito de Araquém. O campo ficava às margens do rio, por detrás, atualmente, da oficina mecânica do Dill e da oficina de bicicletas do Gentil (outro irmão meu). 
Meu pai não aceitava muito a ideia de que jogássemos bola, pois tinha receio de que quebrássemos a perna ou o braço. Mesmo assim, teimosos, e às escondidas, deliciávamo-nos no campinho. Ao final de cada partida, o time perdedor corria para dentro do rio e ficava tomando banho, de modo a diminuir o cansaço e acabar com a suadeira no corpo. Como a água não era tão impura, às vezes até dela bebíamos, diminuindo nossa sede. No meio da manhã, perto das 9 horas, exaustos e com fome, tomávamos refresco de Q-suco com pão ou “solda de massa do trigo”, que eram feitos na padaria do seu Quico (avô materno do advogado Marden Fontenele). 
O goleiro dos times que íamos formando ficava entre duas traves (geralmente duas estacas de madeira que retirávamos de algum cercado próximo ao rio). Aquele era escolhido dentre os que não se destacavam na “linha”. Havia os preferidos para atacante (ou centroavantes) por dominarem bem a bola e por serem exímios dribladores e goleadores com jogadas espetaculares. Nesse rol, destaque para o Juquinha (filho do senhor Edmílson Boeiro) e para o Benedito Tiziu (filho da dona Mazé Nicasso, ou Mazé Alprimo). 
Eram vários os nossos contemporâneos, todavia recordo-me perfeitamente dos amigos como o Lilico e o Baía (filhos do Chico Martins), o primo Idelmond e o irmão dele Baía (hoje Zematur), o Beneditinho do João Quintiliano, o Raminho do Raimundo Juvenal, o Babá e o Helinho (irmãos do Juquinha), o Bartolomeu, o Totinho e o Valdir (irmãos do Nonato do Feijão), o Raniere (hoje Grendene), o Bernardone (apelidado Canona, que é irmão do Tiziu), o Joélio do Zé Belchior e até o Dr. Francimor. 
De todos os citados acima, o Juquinha era o único com vaga garantida, por ser considerado um craque. Infelizmente não se encontra mais entre nós. 
O campinho da barragem não mais existe. Dele, restam estas doces lembranças.

Fernando Machado Albuquerque

domingo, 25 de janeiro de 2015

OS LADRÕES E AS LADRONAS DE SOBRAL

As festas de setembro e as noites de natal, em Coreaú, eram muito animadas na época da minha infância. Muita gente circulando pelas ruas, fazendo compras e se divertindo. As mercadorias vendidas nas ruas quase todas vinham de Sobral: bijuterias, brinquedos, confecções e até picolés. Vinham também as bancas de jogos chamados “caipira”, “pretinha”. Aqueles joguinhos de laçar objetos, as espingardinhas de chumbo, etc. Nossos pais nos davam dinheiro para desfrutarmos de todas essas coisas boas da festa, mas nos advertiam para termos cuidado com os famosos ladrões e ladronas de Sobral da época. Eles furtavam sorrateiramente nas lojas (confecções e peças de panos), na igreja (metiam a mão no bolso dos fiéis), e nas casas de famílias, onde as ladronas pediam para urinar e saíam com os vestidos cheios de objetos roubados. Muitos começavam a furtar já dentro do ônibus de Sobral pra cá e os passageiros chagavam na agência do Dier se maldizendo. Dizem que uma vez esses ladrões e ladronas soltaram uma cobra dentro da igreja do Parazinho (distrito de Granja), para causar tumultuo e eles poderem agir no bolso e na bolsa dos fiéis.

Luis Carlos Teles
Advogado

O BRILHO DO LUAR


Hoje sei das consequências 
Da vida vinda, vivida... 
O que ela dá, um dia tira 
Tira tirando, oco deixando 
Ausente, ausenta, sedenta; 
Perpetua, eterniza vidas, ao vento 
Sopradas, para o além do infinito 
E amor crava a dor, que o infinito marcou. 
Sempre amei o meu passado 
Amarei, também, o meu futuro 
Coisas boas ficam guardadas 
Mesmo quando engasgadas 
Pela dor, que nunca foi 
Sempre que ficou. 
Dor doída do que perdeu 
Permanecendo, só o alento 
Na calmaria, adormeceu. 
Vivo vive o pensamento 
Em tudo de bom que se viveu 
A minha casa, a minha rua 
No coração permaneceu 
As brincadeiras, as gargalhadas 
O que vestia o que calçava 
O que fazia e o que podia 
Era o limite que permitia 
Na minha casa hoje o vazio 
De tantas coisas que eu contei 
Sem os meus pais, hoje sorrisos 
De tudo deles, como encanto 
Que nunca passa se eterniza 
Guardo guardado dentro do peito 
A sinfonia que me alenta 
Figuras vivas que me enaltecem 
Mesmo que seja o meu pesar 
Pois quando olho da minha janela 
Lhes vejo no brilho do luar. 

Airla Barboza