quarta-feira, 28 de agosto de 2013

MENOS QUE O PÓ, MAS TÃO GRANDE

Agressivo!
Grito incontido
Palavra inconteste
Nada me arrepende mais
Que a palavra que ficou pra trás
E, ela, adeus-e-mar,
Repetiu-se
Inúmeras
E soturnas
Vezes solilóquias
Comigo
Nas noites em que perdi
E pior
Nas noites em que dormi
Com elas.

Nunca pensei que valessem tanto
Mas provei da pior forma
O sabor amargo das palavras
E, entretanto, teimo em proferi-las
Talvez porque me engane ao pensar-me sábio
Talvez porque tenha certeza que da próxima vez
Será diferente
E, de fato, o será
Até pior
E mais obscuro o nó
Que me causam
No qual me amarro
Voluntariamente
Evidentemente
O tempo passará
E as palavras valerão
Bem menos
Que o pó
Que suja minha camisa.

Mínimo pó
Que atormenta meu sono.

Benedito Gomes Rodrigues
Membro da APL

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