Pintura de Ignacio da Nega. |
Meu sertão não tem valor
Que se meça em dinheiro
Pois de certo há de transpor
Num sentido verdadeiro
Toda medida de home
Que por si já se consome
Ao tentar lhe reduzir
Com a sua enganação
Erra em grande proporção
Empenhada em lhe medir.
Eis que a riqueza de cá
Não se traduz em metal
Pois lhe direi para já
Em que consiste o grau
É no riso sertanejo
Como um canto benfazejo
Duma fiel criatura
Que alegra o sertão
Apresentando a função
De louvar essa ventura.
Ventura que é também
Na festa da natureza
A que nos cria e mantém
Esbanjando a sua beleza
Ela está no passarinho
Tranquilo fazendo ninho
Que protege os filhotes
É na chuva de inverno
A mãe-terra em tom materno
Esbanjando os seus dotes.
Visto tudo o que disse
Embora seja bem pouco
Queria que me ouvisse
Nesse verso já tão rouco
Fazendo tal homenagem
Crio até uma coragem
De mais versos produzir
Tratando desse torrão
O qual amo de montão
E de onde não vou sair.
Benedito Gomes Rodrigues
Membro da APL
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