sexta-feira, 31 de maio de 2013

Livre? Arbítrio!


Então disse Deus: "Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. Domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os grandes animais de toda a terra e sobre todos os pequenos animais que se movem rente ao chão". 

Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. 

Deus os abençoou e lhes disse: "Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela terra". 

Disse Deus: "Eis que dou a vocês todas as plantas que nascem em toda a terra e produzem sementes, e todas as árvores que dão frutos com sementes. Elas servirão de alimento para vocês. 

E dou todos os vegetais como alimento a tudo o que tem em si fôlego de vida: a todos os grandes animais da terra, a todas as aves do céu e a todas as criaturas que se movem rente ao chão". E assim foi. 

E Deus viu tudo o que havia feito, e tudo havia ficado muito bom. Passaram-se a tarde e a manhã; esse foi o sexto dia. Gênesis (1-26,31) 

Pois bem: Estaria aí nas escrituras sagradas o grande bug da criação?

Não acho que Deus criou o homem para praticar tudo isso aí escrito, mas, se alguém escreveu dizendo que fora o Criador autor de tais heresias, a humanidade acreditou em cheio, e o que vemos ao longo dos milênios é a prática desmedida de tudo isso.

No modesto entender deste escriba-mor sucupirano, Deus criou o espírito do homem à Sua semelhança e lhe deu um envólucro carnal para se aperfeiçoar nas lutas terrenas. Aperfeiçoamento este proporcional ao bem praticado. Mas o que vemos?

O homem a caminhar como que regredindo aos tempos da barbárie, apesar do progresso intelectual... Ele, homem, levou mais que ao pé da letra o significado das palavras "domínio" e "subjugar", ao ponto de, movido por cupidez, ganância, ambição e tantas outras qualidades más, ter, ao longo dos milênios que deveriam ser de paz, harmonia e evolução, milênios de irrigação da terra bendita com o sangue inocente dos irmãos desvalidos...

Começou atirando pedras e paus... Com a descoberta da pólvora, que seria a matéria-prima unicamente para os espetáculos de cores dos fogos de artifício, a maldade humana descobriu que ela poderia impulsionar projéteis mais letais que pedras e paus. E a matança que era secular, mas artesanal, se intensificou quase que semelhante a uma linha de montagem. Triste caminhar da humanidade. O livre arbítrio que o homem filho de Deus recebera do Pai e Criador rumara para os tristes mananciais sangrentos das lutas injustificadas cuja história está aí para contar.

Poucos avanços houve de lá para cá... Algumas convenções sobre direitos humanos, pensadas após o advento da Revolução Francesa, não foram suficiente para acalmar os ânimos egoístas e malignos... 

Mas não dar mais para esperar! É preciso urgentemente clamarmos em uma só voz e em todos os idiomas conhecidos e falados pelo homem ao redor do planeta: "- Parem a matança!!! Parem!!!"

Para isso, que tal começarmos fazer circular mundo a fora um S.O.S clamando pela contenção da fabricação de armas de fogo? Se parássemos a fabricação de projéteis em geral hoje, em um mês o estoque ficaria zero, e por ter perdido a prática de brigar com pedras e paus, quem sabe a humanidade não se daria as mãos e num grande abraço fraterno diriam em uníssono: "- Meu irmão! Vamos nos proteger de nós mesmos?"

Tenho dito... E sempre!!! 

Manuel de Jesus da Silva

Presidente da Academia Palmense de Letras - APL

GOIABA

- Chore não! Já é tempo de mudar... – repetiu a si mesmo insistentemente um dia inteiro, sob o martírio da dor de cabeça.

A dor lancinante era fruto de uma preocupação que lhe corroía; perdera o emprego e a vontade de seguir adiante. Àquelas horas, restava-lhe pouca energia, sozinho - a mãe, a única que o acompanhara durante um bom tempo, viajara uma viajem definitiva, e já ele pensava em viajar também.

E seguiu outros dias com a constante perseguição duma voz que lhe dizia ao pé do ouvido:

- Fraco! Desista! Não há mais sabor! Fraco! Desista! Não há mais sabor...!

Não havia mais sabor na vida, mas não tinha coragem de tirá-la; esperava, contando as telhas, caibros, ripas, farpas, linhas do teto, contou até quantos dias, no máximo, poderia lhe restar de respiros, quantas aspirações lhe seriam doadas, talvez...

À manhã dum sábado, a rede já lhe enfadara e a zoada do balançar da vizinha velha lhe enlouquecia ainda mais; saiu numa caminhada. O dia começara amarelado, a vista também, como um rosto adoecido. Faltava disposição para andar uma passada mais rápida. Cabisbaixo.

Encontrou numa calçada um velho, barbas longas, roupa rasgada, sorridente (mesmo desdentado), e o viu, com a mão nos bolsos, ao que o andarilho lhe interpelou:

- Irmão, aceita uma goiaba?

Como poderia oferecer algo? Mais parecia um mendigo, os quais lhe causavam tanto asco com sua miséria. 

- Como é?

- Uma goiaba, irmão. Trago algumas comigo, estão limpas, e são doces; pode confiar!

- Que coisa! Um mendigo esfarrapado oferecendo uma goiaba a um diabo que nem eu? – pensou consigo.

- E aí, vai querer?

- Obrigado!

Mais passos acima na estrada...

- Mas que goiaba, heim! Nunca vi tipo desse solto por aí, deveria pedir, não oferecer, se bem que não tenho mais nada a doar, a qualquer um.

Por um instante lhe saiu da cabeça a fome de perder a vida, e tirou de foco o buraco que percebera em seus receios. Quando se lembrava da goiaba, da cena do velho a oferecendo, desviava de rota do que lhe atormentava. E viu o medo com um novo ponto de vista...

- Bendito mendigo! Bendita goiaba! Nem a comi e me fez bem... Fez-me repensar...

Passou ao rumo inverso; queria saber do velho o porquê da goiaba. Chegou ao lugar onde o velho estava... Vazio, nenhum rastro, sequer uma semente... Nada!

- Ora! – silenciou quase que também as reflexões.

O velho, mendigo ou fosse o que fosse, sumira do mapa. Na banca de jornal próxima questionou se alguém o vira, ninguém.

E nunca mais o veria, mas passaria a ter um apresso pelas goiabeiras, goiabas, goiabadas, até pensou em vendê-las... Viveu uns dias, meses, anos a mais. Durante esse tempo que (sobre)viveu, foi grato ao velho barbudo e esfarrapado, que por providência do acaso lhe tirou da cabeça a eternidade.

Benedito Gomes Rodrigues
Membro da APL

domingo, 26 de maio de 2013

Uma reza para Deus e um denário para o diango

É que eu fico a rir para não chorar: Explicar-lhos-ei agorinha mesmo... Me embrulha o estômago quando vejo gente cantando e pregando a ética, o escrúpulo e tantas coisas mais que deveriam ser qualidades imprescindíveis no ser ser humano mas que na prática diária se comporta pior, eu disse muito pior, do que a quem tanto criticam. Exigem cobrança das leis, até punição da natureza e destas não escaparão é lógico. É muita controvérsia... E discurso para ninguém crer. Principalmente pessoas de "poucas" letras como eu mesmo. Não digo que nunca faço estas críticas. Mas as faço sempre depois de me olhar no espelho, de refletir muito, mas muito mesmo se não estou enganando ninguém. Como cobrar das pessoas aquilo que eu também não pratico? Seria eu além de um corrupto incorrigível e safado, um hipócrita ordinário sem feitio, enganador e por aí vai...

Tenho dito... E sempre!!!

Manuel de Jesus
Membro da APL

O CHORO VELHO

- É cedo, Adorfo!

Toda visita ao Seu Aquino findava com sua afirmação de sempre... Ele se espraiava em tantas histórias de sua juventude; contava-se vitorioso por ter chegado à velhice e criado dez filhos. 

Aprendi com ele uma filosofia sutil, que perpassa as coisas mais cotidianas, como a angústia de perder a vaca que se embrenhara nos espinhos da caatinga, o medo de não ter o que comer no dia seguinte, a tristeza de ter filhos que viajaram antes de seus pais (antes do combinado, como diz Boldrin), mas também o regozijo com a colheita, com as primeiras chuvas, com o canto do passarinho, e as gargalhadas das prosas ao entardecer. 

As lágrimas escorriam pelo rosto enrugado, expressões sofridas. Aquele mesmo rosto, vi espalhado pelas casas de taipa ou adobe do interior. Sorrisos banguelas, vistas ruins, oiças mocas, pés rachados, o forte fumo Saci para mascar, as escarradas, a dureza nos gestos, as costas doloridas, tudo velho ao redor, inclusive o desleixo dos novos, que deixavam se perder as riquezas de outrora.

Seu Aquino uma vez me perguntou, serenamente:

- Adorfo, não é querendo ser caduco, não, mas tu sabe me dizer se tu acredita, já que é dortô, no Lá de cima?

- Eu acho que não acredito, Seu Aquino. Não tenho pensado muito nessas coisas. Mas respeito quem acredita.

- Tu me perdoa, Ardofo, mas já sou véi, e véi tem liberdade de falar coisas que novo não... Tu é muito besta pra ser dortô! 

- Por que, Seu Aquino? – perguntei ignorante.

- Ele tem que existir, senão eu não taria aqui e nem teria sentido tanto sofrimento! Ele tem que existir... Ele tem que existir, senão essas lágrimas nunca secariam, nem tampouco minha angústia morreria, se a esperança não fosse in flor. Ele tem que existir, e eu insistir que Ele existe, e vai me acudir, como acudiu minha mãe, na hora de parir. Ele tem que existir, como quando roguei pedindo forças para resistir levar a rede com o cadáver do meu filho, morto pelas abelhas, inté a cova que cavei. Ele tem que existir pra eu aguentar esse resto de câncer que tá me corroendo, só não corrói mais que a ansiedade de ir.  E Ele sempre existiu, dortô.

Jamais esperava que a conversa fortuita chegasse a algo tão longe. Fui honrado por ele ter sentido confiança para falar assim comigo. Uma lágrima caiu, a última. E eu só assisti Deus existir naquela hora, atônito. Acho que aquelas lágrimas derramadas não foram as últimas, num mar de histórias... Pressenti um pouco do que ocorre no intervalo nosso entre o Sempre e o Fim.

Benedito Gomes Rodrigues
Membro da APL

sexta-feira, 24 de maio de 2013

PASSADISTA.... NÃO... NÃO... É FUTURISTA...

Lembrando os idos finais da década de setenta quando ainda garoto íamos deitar às 19h00 depois de curtir o Programa Varandão na Fazenda na Rádio Tupinanbá de Sobral, com a voz de ouro do grande Atibones Ximenes... É muito bom... mas muito bom mesmo... Um aparelho de rádio ABC canarinho quatro botões, sobre uma mesinha no canto da sala, um carrego de pilhas Rayovac, as amarelinhas, novinho em folha e uma rede a balançar... Oh tempo de ternura e esperanças... Da vontade de... de... de... De enxugar as lágrimas que caem pelo rosto... Não se sabe se de tristeza por não ter parado no tempo ou de alegria por ter chegado até aqui onde chegamos...

Manuel de Jesus
Membro da APL

UMA FÁBULA À MODA PALMENSE

Num reino muito pertinho de nós, chamado “CROAHU”, situado numa “várzea grande”, havia um belo rio de magnífica ribeira, com águas límpidas e cristalinas. Numa época anterior à poluição, tão comum nos dias atuais, as aves bebiam das águas desse rio e nele as pessoas tomavam banho nas manhãs ensolaradas. Nas proximidades, vivia um REI que muito fazia para agradar os seus súditos. Porém, mesmo diante dum trabalho de Hércules para governar com soberania e altivez, não conseguia suprir as necessidades mais prementes do seu povo. E o tal rei resolveu buscar a solução mais sensata para poder honrar sua gente e merecer os elogios de um digno soberano. Então saiu mundo afora para tentar encontrar a maneira politicamente correta para a tão sonhada boa governabilidade. No meio de sua busca, ele encontrou uma senhora e fez a seguinte pergunta:

– Olá, como vai? Como a senhora se chama?

– Quem?! Eu? 

– Sim, a senhora! 

– Eu sou a VOZ DA CONSCIÊNCIA! O senhor não me conhece? Tem certeza? O que deseja de mim?! E o porquê da pergunta? Indagou a autêntica senhora.

O rei, humildemente, explicou a razão da pergunta.

– Sabe, senhora VOZ DA CONSCIÊNCIA, eu sou um grande rei, tenho muitos súditos e eles muito têm pedido o meu auxílio. Entretanto, não tenho conseguido fazer um reinado que realmente zele pelo bem-estar da sociedade, independentemente de quem quer que seja. Então, decidi olhar para dentro do meu mundo, dos outros “reinos”, olhar pra dentro de mim mesmo pra encontrar a resposta e solucionar este dilema. A senhora pode me ajudar? Ficarei grato e todo o meu povo!

– Ó, Vossa Majestade, sentirei o maior regozijo do mundo em poder fazer alguma coisa pela nação, e algo posso lhe dizer: tudo depende da sua consciência, da vontade política em querer mudar a realidade do seu reino. Mas conheço uma pessoa que lhe dará a resposta e a solução mais inteligente! 

– Quem é?!

– É uma senhora que está em TODO LUGAR!

– Não entendi! Onde ela mora?

– Ela mora perto de Vossa Majestade e de todos NÓS! É a senhora COMUNIDADE! Ela poderá ajudá-lo a encontrar a saída que tanto o meu rei procura.

Sem que o rei procurasse muito, logo ali estava a senhora COMUNIDADE, ao alcance de sua vista. Depois de um olhar atento, não foi difícil ao nobre soberano perceber que a senhora COMUNIDADE andava maltrapilha, cheia de necessidades, a mendigar o mínimo para sua sobrevivência. Mesmo com tal aspecto, a senhora se mostrava sábia a tal ponto de expor ao rei tudo o que sentia e sabia a despeito do seu governo. O soberano achegou-se a ela e pediu:

– Senhora COMUNIDADE, agora sei que somente você pode me ajudar e a todo o meu povo. Por obséquio, sem delongas e sem demora, diga-me o que posso fazer para receber o título e as honrarias de um autêntico administrador da coisa pública. 

– Senhor meu rei, estava mesmo à sua espera! Disse a COMUNIDADE. Até pensei que Vossa Majestade não viesse mais! "Palmas" pro senhor e vamos ao que interessa à nossa nação! Mas lembre-se: "A grandeza não consiste em receber honras, mas em merecê-las". Assim dizem os poetas!

– Olhe, senhor, um grande gestor precisa, antes de tudo, de uma boa assessoria, de excelentes "cortesões", precisa estar ombreado por pessoas sérias, competentes e que queiram o bem comum, ou seja, da COMUNIDADE. O senhor precisa, urgentemente, desfazer-se de um grupo "cancerígeno", tal qual cupim de terra ou barro de cemitério, que devora silenciosamente. Tome cuidado! Peça ajuda àquela senhora que encontrou no meio do caminho: a VOZ DA CONSCIÊNCIA. Veja, meu rei, tome precaução com os falsos amigos, com as falsas afinidades partidárias, com os "Judas" que cheiram e respiram dinheiro. Eles não são, decerto, amigos e súditos fieis!

Diante disse, o rei contestou:

– A senhora está enganada! Eu tenho verdadeiros amigos, leais a mim, que prezam por minha pessoa e não pelo prestigio advindo do poder que a mim foi dado.

– É ledo engano de sua parte! Retrucou a COMUNIDADE. Até mesmo Cristo foi traído na hora em que mais precisou. Jantando com seus discípulos, convivendo com eles, emprestando-lhes seu ombro amigo, Jesus foi, de repente, traído em troca de algumas míseras moedas de prata. 

Nisso, chega sorrateiramente, a VOZ DA CONSCIÊNCIA e declara: 

– No reino do “CROAHU”, temos um exemplo que dá nojo, senhor rei. Escute bem, veja só: já tivemos um rei, um grande homem que, infelizmente, o Criador o chamou prematuramente ao seu convívio. Ele era amado, bajulado pelos falsos amigos e correligionários. Mas, morrendo tal rei, antes mesmo que seu corpo esfriasse e fosse levado à terra fria, aqueles que diziam: "Senhor, eu te amo, eu sou fiel a ti, eu sou do teu partido", covardemente, correram para abraçar e pisar no "tapete vermelho" do sucessor do "trono". 

Depois de uma pausa, continuou a sábia senhora:

– Um grande rei não pode ser benevolente com pessoas que põem em primeiro lugar seus interesses pessoais em detrimento do bem público. Procure acompanhar-se de homens que o valorizem pela sua capacidade de trabalhar em prol da comunidade e afaste-se daqueles que o procuram simplesmente por causa do poder que ora ostenta. 

Em tom afirmativo, concordou a senhora COMUNIDADE:

– Isso mesmo, Majestade, acautele-se contra os beijos dos "Judas", contra as mãos frias de afeto e sinceridade que o senhor tem apertado. Esteja de olho vivo com as "continências" do dia-a-dia, imbuídas de interesses pessoais. Todo cuidado é pouco! Tenha muita cautela naqueles rituais do "beija-mão"! "Num mundo que se faz deserto, temos sede de encontrar um amigo".

Mais uma vez pede a palavra a VOZ DA CONSCIÊNCIA:

– Senhor meu rei, gostaria que Vossa Majestade valorizasse mais os filhos deste solo, aqueles que aqui têm raízes fincadas. É sabido que o nosso "CROAHU" tem dado guarida aos forasteiros, a tal ponto do adágio popular dizer que nossa terra é MÃE para os estranhos, e MADRASTA para os legítimos filhos desta "PALMA" de chão. Comenta-se, meu senhor, que súditos de outros reinos têm "criado sebo no rim". E o nosso povo?! E a nossa gente?! Ó, senhor, que as minhas palavras ressoem na sua CONSCIÊNCIA. Assim seremos, segundo sua vontade, uma grande nação, um reino que trabalha pelo engrandecimento cultural, econômico e político de nossa gente.

Depois de ouvir tais considerações, o rei queda pensativo. Ergue-se em gratidão pelos conselhos recebidos e entra na sua carruagem real. Antes de partir, a senhora COMUNIDADE o chama:

– Espere senhor! Ainda tenho mais a lhe dizer: trabalhe incansavelmente pela educação (a redentora), pela saúde, pela infra-estrutura da nossa terra. Assim, Vossa Majestade terá a admiração, o respeito, o reconhecimento justo do seu povo. Tenha ouvidos sensíveis para os reclames da sociedade. Saiba que "apenas se vê bem com o coração, pois nas horas graves os olhos ficam cegos", como tão bem disse Saint-Exupéry. Não esqueça jamais de repassar esta nossa conversa ao seu sucessor, para que ele também aprenda que a POLÍTICA é a arte do bem governar. Que o seu espírito se eleve para ouvir a comunidade! Lembre-se sempre daquela mensagem do Pequeno Príncipe: "O que conduz o mundo é o espírito e não a inteligência". Senhor rei, vá e cuide muito bem de nosso "CROAHU", ele é a nossa "ROSA". Ah! mais uma coisa: "fuja do elogio, mas tente merecê-lo". Para tanto, faça um governo embasado nos valores da justiça, da liberdade e da fraternidade humana.

E o rei partiu, ruminando as tão sábias palavras ditas pelas duas senhoras que encontrara em sua viagem. Teriam elas razão?! 

Davi Portela
Membro da APL

terça-feira, 21 de maio de 2013

Da série: Go back in time!

Estamos na páscoa de 1998. Você está diante de seu computador de última geração. Um intel pentium com processador de 100 Mhz, 32 MB de memória Ram e hd de 4 GB. Olhe que só o HD é bem menor em espaço que muitos pen drives de hoje.  Agora abra seu aplicativo office Word 97 para digitar algum texto. Mas antes uma brincadeirinha... Que tal?

Escreva em maiúsculo isso:  NY Q 33 

Uma espécie de abreviatura da maior cidade norte americana e uma quadra qualquer. Que pode inclusive ser tirada das centúrias de Nostradamus... Ui...

Para ficar melhor, selecione tudo e aumente o tamanho da fonte para tamanho 50...

Agora vá em tipos de fonte e escolha esta, sem aspas é claro  " Wingdings  " 

Ficou assustado?

É meu caro colega, ou quem escreveu o programa é um grande vidente ou um Pai Dináh de mal gosto, não acha?

Este ovo de páscoa está no word desde a versão 1995.

Por isso eu digo. Seja amigo dos programadores... Se não puder ser amigo, não queira ser inimigo... rsss

Tenho dito... E sempre!!!

Manuel de Jesus
Membro da APL

Embarque na tecnologia...

Semana passada eu postei de maneira bem fragmentada no facebook este pequeno texto. Para quem o leu na íntegra lá no final eu deixei uma reticência, tal qual nos folhetins policiais...

Vamos pensar (ou melhor) ler um pouco e novamente?

Que a Samsung hoje em dia é líder quando o assunto é tecnologia e até mesmo design ninguém ou quase ninguém duvida, não é mesmo?

Pois bem: Se é verdade não sei ao certo, mas certo amigo me confidenciou neste domingo (já faz uns dois domingos) que alguns anos atrás a Sul Coreana fabricante das TVs de leds, dos smartphones, dos computadores e de tantas outras geringonças tecnológicas começou a estudar a possibilidade de adentrar no ramo automotivo...

Pois bem 2: A principal montadora daquele pais, sabendo da tal história, chegou para a gigante tecnológica e cochichou em seu ouvido mais ou menos assim...

Pois bem 3: “-Kffjkfueifdfkdfkjfeiflfdfkdjfiffjlfiefjfjfçofkfft... Entendeu?

Pois bem 4: Traduzindo:

Pois bem 5: -Se vocês entrarem neste ramos iremos dividir o mercado e aquela montadora líder no mundo que tem sede ali naquela ilhazinha acolá continuará a reinar neste mercado promissor. É melhor fazermos uma parceria. Continuamos montando carros e vocês fabricam a tecnologia eletrônica para embarcarmos em nossos automóveis. Cuidemos em conjunto do design...

Pois bem 6: Parece que a gigante aceitou a proposta, pois de certo tempo para cá tais carros só faltam falar... Mentira!!! Eles falam sim... São os mais bem desenhados... Design de primeira... Tecnologia refinadíssima e por aí vai... É tecnologia demais...

Pois bem 7: História de mentiroso...!!! Nada disso não amigos... Curtam então e quem puder que compre e use estes bólidos cheios de tecnologia. Deve ser muito prazeiroso guiar uma máquina destas, mas guardem um espaçosinho na garagem de vossas residências para um carrão velho, antigão, daqueles tipo fusca, corcel, ou se puder um com propulsor a combustão (diesel)... Daqui uns dias eu digo o porquê deste conselho...

Tenho dito... E sempre!!!

Manuel de Jesus
Membro da APL

Tão preparado para saber o porquê?


Vou lhes fazer uma perguntinha apenas: Quem já viu um sistema operacional, operating system, SO ou OS? Eu escrevi, viu... V-I-U. Ver com os olhos... Aposto um contra um milhão como ninguém terá coragem de responder sim, até por que nem os mais experts no assunto também nunca viram apesar de conhecê-los muito... É aí que o bicho pega... 

Sistema operacional, operating system, SO ou OS, pois tudo é a mesma coisa é a alma, ou seja, a coisa que dá vida a um hardware, máquina ou qualquer coisa eletrônica... É um programa mãe que faz tudo funcionar... Tudo hoje em dia, ou pelo menos quase tudo é movido por um troço destes aí e como ninguém viu e ninguém sabe, seus criadores podem muito bem terem incluído em algum ou Deus nos livre em todos eles, algum “ovo de páscoa”? Bem sugestivo não? (Depois buscarei uma série de ovos de páscoa nalguns softwares existentes por aí para mostrar a vocês..)

Funcionaria mais ou menos assim: “- Os criadores das excelentes tecnologias embarcadas nos automóveis poderiam criar um comando "poweroff" ou "shutdown -h" em contagem regressiva para determinada data futura e pá! Ou melhor OFF... Tudo se desligaria... Tudo mesmo!!! De uma lapada só... Sorte sua se neste momento sendo possuidor de um deles estivesse dormindo e ele paradinho na garagem... Assim comemoraria a páscoa em casa mesmo e até poderia sair no seu fusquinha, corcel, etc. O que infelizmente não aconteceria para quem estivesse na estrada, pois em movimento o "poweroff" ou "shutdown -h" poderia causar acidentes graves diga-se de passagem... Mas isso é somente uma suposição, ou um conselhinho (não confunda com selinho da Hebe) para você manter na garagem uma carruagem bem antigona. Não sabemos o que passa na cabeça desses programadores...

Tenho dito... E sempre!!!

Manuel de Jesus
Membro da APL

domingo, 19 de maio de 2013

FIRMAMENTO

Um vasto céu se ergue por sobre meus ombros.
Nos escombros das melodias passadas flutuo.
Ao deus-nuvem e deus-azul oro e cultuo.
O profundo e distante nada gera assombros.
E à frente um mar de relva, alguns quadrúpedes.
Pássaros, tranquilos, debicam qualquer lagoa.
Eu, pobre pensador, respiro e penso à toa.
E me perco ao olhar meus fracos pés.

Benedito Rodrigues

sábado, 18 de maio de 2013

E, NO BAR,...

Há quem tome uma. Há quem encha a cara! Há quem peça uma malvada. Outros uma canicilina. Um senhor avisa que vai tomar uma ripada! Outro apenas umazinha... Um homem de poucas palavras pede um gole. O engraçadinho uns carocim! O mais quieto manda um decreto pro garçom: Uma! Um grandalhão, com cara de poucos amigos e muitas outras coisas, pede uma esfria chifres. Já aquele do canto, tímido e com vergonha (na cara dos outros), mostra o polegar e o indicador, medindo (pro balconista) o tamanho da maldade. E não diz palavra. Mas molha a que tem na garganta. Pra quem não gosta muito de balcão e nem de uma bicada, um aviso: eu não falei de cachaça. Mas de povo!

João Teles
Membro da APL

PARA OS POETAS DA APL



Venho de ser tão grande… 
Venho dos mujiques do Sertão. 
Vi a cidade encantar-me, forjar-me… 
E as ruas e amigos me ensinaram uma canção, 
A luta é permanente e desigual 
E hoje respondo com Marighela, respondo com poesia sempre, 
Porque na beleza regressaremos pra casa, 
Para ser tão grande como fomos, como somos… 
Como são as flores que voltam sempre com as chuvas 
E nossa luta fará brotar a poesia como 
El musguito en la piedra. 

Gilmar Paiva 
Sócio-correspondente da APL

sexta-feira, 17 de maio de 2013

ÚLTIMO PALPITAR

O tempo enverdeceu a folha,
Que caiu.
O choro endureceu o peito,
Que doeu.
A pedra quebrou a vidraça,
Que feriu.
A palavra foi de graça,
Não fui eu!
E ela me proferiu um beijo.
A morte.

Benedito Gomes Rodrigues

quarta-feira, 15 de maio de 2013

TERRA QUERIDA

Minha terra já foi Várzea
Grande minha terra é,
Do Rio Coreaú, onde bebiam os curiás
Nas suas margens a gorjear.

Minha terra já foi Palma,
Na minha palma minha Palma vive,
Palma de muitos amores,
Coreaú de tantos primores.
Terra de Nossa Senhora
Piedade também há,
Onde cantou o curiá.

Nossas ruas são pacatas,
De um povo manso e tranquilo,
De uma gente trigueira,
Do branco, do negro, do índio,
Matriz da nação brasileira.

Minha Palma já foi Várzea,
Grande palma do coração,
Coreaú dos curiás,
Que nas margens desse rio
Viviam a gorjear.

Permita Deus que eu possa
Ver o belo rio,
Que um dia teve vida
No canto do curiá.
Quero ver em suas águas
A luz do sol brilhar
E que um dia os curiás,
Nas suas margens, voltem a cantar.

Davi Portela
Membro da APL

DOM CASMURRO. CAP. CXLIX. AS APARÊNCIAS



Não consegui jamais olvidar os olhos de ressaca da minha primeira e única amada, a despeito da poeira que o longo tempo acumulara. Capitu falecera já há alguns anos; Ezequiel, pouco tempo depois. Com a morte de todos os meus, pus-me ainda mais casmurro. Tocava a vida entre leituras desconexas e caminhadas tediosas. 

Permanecia quase todo o tempo enclausurado no gabinete de casa. Às vezes, por entre a fresta da janela, imaginava Capitu passando na rua; imaginava Ezequiel acenando, caminhando de mãos dadas com o pai Escobar, a imagem de um refletida no outro. Cerrava os olhos para não ver. 

A secretária tardava em trazer o café. Impossível ter faltado novamente. 

– Luzia? 

A casa estava vazia. Lá fora alguém parecia bater na porta. Devia ser a secretária chegando para os afazeres do dia. Não podia ser, o relógio marcava sete da noite. Luzia faltara novamente. Eu passara mais um dia com o estômago vazio. Precisava sair. Dar uma volta. Comer alguma coisa e respirar um ar fresco.

As batidas na porta insistiam. Olhei pela fresta da janela. Eram duas pessoas desconhecidas. Tentei recompor-me. Dirigi-me à porta. 

Tratava-se de um cientista austríaco chamado Friedrich Hoffman, acompanhado de um tradutor brasileiro. Dr. Hoffman conhecera Capitu na Suíça. Sua esposa se tornara grande amiga da solitária brasileira. Eva Hoffman foi a única pessoa para quem Capitu confessara todo o seu drama. O marido desenvolvia uma pesquisa genética que prometia desvendar os segredos da hereditariedade. A pesquisa ainda estava em fase experimental, mas Dr. Hoffman dizia já possuir elementos para respaldar a tese revolucionária. 

Eva Hoffman, instada pelo marido, ficara com uns fios de cabelo de lembrança de Capitu e Ezequiel. Com a morte de ambos, os resultados auspiciosos da pesquisa genética e os equipamentos de um laboratório móvel, Dr. Hoffman empenhou-se em localizar-me no Brasil. Não foi fácil, mas finalmente bateu-me a porta. Fiquei inicialmente assustado e tendente a não servir de cobaia do experimento visionário. Em meio às explicações demasiado complexas para os meus parcos conhecimentos científicos, vertidas para o vernáculo com esforço pelo tradutor, resolvi que não custaria nada tentar aplacar, ainda que tardiamente, a dúvida que me perseguira a vida inteira. 

No dia seguinte, Dr. Hoffman retirou-me uma gota de sangue e me solicitou dez dias para me apresentar uma conclusão. Com uns fios de cabelo de Capitu e de Ezequiel e uma gota de sangue meu, o cientista diria em poucos dias se Ezequiel era ou não sangue do meu sangue. 

Portei-me com ceticismo diante da convicção do cientista. Como os raios do século XX já haviam chegado com inovações outrora impensáveis, porém, resolvi tentar mitigar uma dúvida alimentando uma outra. 

Os dez dias demoraram uma eternidade. Intrigou-me Capitu não haver confessado a traição à senhora Hoffman, depois de revelar-lhe toda a vida. Dormi uma ou duas noites, com sonos atribulados e entrecortados de pesadelos. Quando acordava, continuava a ver Escobar, com um moçoilo à sua imagem e semelhança. 

– Luzia? O café! 

Ninguém no Rio de Janeiro dava conta de experimento científico semelhante. Um amigo da academia de ciências me afirmou que há certos mistérios que somente Deus pode desvendar. 

No final da noite do décimo dia, Dr. Hoffman me apareceu com aspecto taciturno. Entregou-me uns manuscritos permeados de números, fórmulas e gráficos, apertou a minha mão e, por intermédio do tradutor, me disse: 

– Capitu estava certa. O senhor é o pai biológico de Ezequiel! 

A cabeça girou-me antes do tradutor concluir a oração. Faltou-me terra sob os pés. Permaneci num transe por um vasto tempo. Nem me dei conta de que o cientista, imediatamente, retirou-se para não mais voltar.

Não podia ser. Devia estar delirando. Nada daquilo devia ser real. Deveria ser mais um pesadelo. Não deveria dar crédito ao exame. Os papéis ficaram sobre a mesa. Pareciam tão reais. Manuscritos permeados de números, fórmulas e gráficos que concluíam com: – Vaterschaft, ja. 

Consultei o dicionário português/alemão. O resultado efetivamente apontava para a confirmação da paternidade. Bento Fernandes Santiago era o pai de Ezequiel A. Santiago. 

Não era possível. Estragara minha vida estupidamente! 

– Dr. Hoffman, volte cá para esclarecer o resultado desse exame estrambólico! Tenho fundadas dúvidas acerca da veracidade da sua experiência! 

Preciso visitar mamãe, tio Cosme, José Dias, prima Justina... Será que todos faleceram? Não devo andar bem do juízo. Não fosse o resultado palpável do exame de DNA sobre a mesa, diria estar completamente louco. Tenho vontade de passear pela Praia da Glória, de revisitar a casa de Matacavalos. 

– Luzia? O café! 

– Capitu? Traga-me aqui o menino. Cadê a fotografia de Escobar? Convide Escobar e Sancha para jantar conosco. Viajaremos à Europa juntos. 

– Tens ciúme até dos mortos! 

José Dias diria que o menino é a minha cara. Prima Justina queria vê-lo. Mamãe, por que não nos visita mais? Dr. Hoffman, volte cá, devolva os cabelos de Capitu! Os cabelos do meu filho Ezequiel A. Santiago!

Há casos de semelhança física muito esquisitos entre as pessoas. Água mole em pedra dura... As pessoas não são pedras. Em verdade, em verdade, fallitur visio. As aparências enganam, mesmo um ex-seminarista que decorou do Eclesiastes que: "Vanitas vanitatum et omnia vanitas." A vida dói mais do que a peça do teatro. 

– Luzia? O café! E o veneno da farmácia! 

Eliton Meneses
Membro da APL

sexta-feira, 10 de maio de 2013

ÊXODO RURAL EM COREAÚ


É impressionante o número de pessoas que têm saído de Coreaú nos últimos anos em busca de trabalho noutros Estados da Federação, principalmente em Mato Grosso e Paraná. 
Exercendo o cargo de Técnico Judiciário, no Fórum de Coreaú, tenho constatado que são pessoas entre 18 e 30 anos de idade, geralmente chefes de família (homens) sem nenhuma expectativa de renda mensal. Essa constatação se dá com a expedição, pela Secretaria de Vara Única, de Certidão de Antecedentes Criminais (ou folha corrida, como dizem), do trabalhador interessado, cuja qualificação é ali registrada. 
Tanto em anos anteriores, bem como já nesse ano de 2013, dezenas de homens requereram (e continuam requerendo), no Fórum local, a sobredita certidão, e, indagados sobre o pedido, tais pessoas informaram que se tratava de uma exigência da empresa na qual pretendiam ser admitidos. 
Na verdade, em seu grande lastro, são agricultores ou trabalhadores rurais, contratados por um agenciador, que os recebe e faz-lhes o cadastro para, em seguida, acordarem uma data para a viagem, que é feita quase sempre de ônibus. Mesmo sendo a maioria homens do campo, fazem questão de serem qualificados como marceneiros ou serventes de pedreiro, haja vista que irão trabalhar na construção de grandes silos de soja, ou na construção civil. 
De toda sorte, trata-se de uma saída de caráter temporário, pois quase todos retornam em poucos meses, todavia essa migração, pelo que se infere, merece uma atenção do poder público municipal, para fins de adoção de medidas assecuratórias que visem à permanência do homem no campo, como a implementação de políticas agrícolas locais. 
Enfim, o trabalhador rural se evade em busca de um trabalho para sustentar a sua prole, depois retorna, mas não encontra aqui, em definitivo, uma situação que lhe garanta uma atividade laborativa satisfatória, de modo a fixá-lo de vez em seu torrão natal. 

Coreaú-CE, 10 de maio de 2013.

Fernando Machado Albuquerque
Membro da APL

quinta-feira, 9 de maio de 2013

ALCANÇO

Campo de trigo com corvos, de Van Gogh
Faltou braço
Pra alcançar o teto.
O que eu faço?
Céu tão longe!

Faltou também 
Compreensão.
Mesmo antes 
De ser feto,
O que tinha?

Já não espanta 
Reles morte,
Nem o pranto,
Por enquanto...
Nada é pior 
Que ser forte.

Benedito Rodrigues
Membro da APL

segunda-feira, 6 de maio de 2013

REVENGE, A SÉRIE

E depois de mais de duas décadas exibindo filmes e séries onde os mocinhos e heróis vencem seus inimigos, com super aviões, helicópteros, metralhadoras, fuzis, pistolas e músculos, a televisão brasileira volta a nos presentear com uma série a la Macgyver da era high tech

Estou me referindo à série Revenge, estreada na "toda poderosa" phenix prateada em março deste ano. 

Nela a mocinha Emily Thorne/Amanda Clarke, vivida pela belíssima atriz Emily VanCamp, que fora vítima de poderosos algozes volta ao seu antigo endereço para vingar-se dos mesmos.

Sem dar um tiro sequer e usando apenas duas armas: O cérebro para pensar e o dedinho indicador para apertar a tecla enter... 

É desta maneira que ela deleta a cada domingo mais um de seus inimigos. 

Com muito charme e meiguice ela me fez novamente voltar a passar mais de uma hora em frente a tv. 

É que visando não perder um só capítulo já me transformou num assíduo telespectador da última parte do Cansástico (Royalties para, Macaco Simão, o Zé). 

Tenho dito... E sempre!!!

Manuel de Jesus
Membro da APL

domingo, 5 de maio de 2013

ESQUECI-ME E FUI

A persistência da memória, de Salvador Dalí

Minhas unhas cresceram,
E nem vi...
Meus pés racharam,
E não senti...
Minha cabeça embranqueceu,
Foi tão rápido!
Meu amor por ti cresceu,
Só vivi...
Minhas forças já passaram,
Persisti...
Meus sonhos não findaram,
Estão aqui!
Tudo muda, passa rápido,
O eterno onde há?
Nem sei, já vi passar...
Eu mesmo sou o esquecimento,
Que perpassa o tempo,
Nem o sabemos...
Pra onde? Cá!

Benedito Rodrigues
Membro da APL

A AURORA DOS MEUS ANOS

Nino e o Pião, de Márcio Pita

Ah! que saudade que dá
Da meninice querida,
Do belo tempo da vida
Que o cruel tempo levou!

Que amor... quanta saudade
Daquelas noites brejeiras,
Dos namoros inocentes,
Diferentes de agora,
Perto da tamarinheira,
Junto à coluna da hora.

Lembro com muita saudade
Das travessuras que fiz,
Quando água ia buscar
No saudoso chafariz.

A  Palma amada e querida
No tempo em que era menino,
Lembro  do toque do sino,
Nas tardes de domingo
No alto da nossa matriz.

Ah! minha Palma, meu lar,
Do céu das noites escuras,
Das noites de lua cheia,
Lembro com muita saudade
Da minha tenra idade
Que o tempo de mim roubou.

Oh! meus dias encantados
Ah meus sonhos ... as  quimeras
Quão doce a vida era,
Vida de paz e de amor!

Lá no meu interior,
Brincava com a meninada
Nas noites enluaradas,
Ouvindo o sapo cantar!

Tomava banho de açude,
Que alegria, que vida!
Não tinha a vida sofrida,
Que a idade faz penar.

Tempos bons... tanta alegria!
Naqueles anos dourados,
Naqueles tempos passados,
Foi bom tempo de brincar.

Que primor! Relembro agora
Das tardes de brincadeira,
Dos meus carros de madeira
E das gaiolas de palmeira,
Que sempre irei me lembrar!

Na aurora dos meus anos,
Foi tão bom... foi primavera,
Tempo de flores, a vida era.
Nas cheias do nosso rio
O bom mesmo foi nadar.

E não posso esquecer
Dos meus banhos na barragem,
Ficou a mais bela imagem
Do retrato a emoção!
Da canoa do Seu Valto
Bate forte coração!

Aviso a quem é menino
Que não perca tempo agora,
Esta é a trajetória
Que os anos irão levar!

Davi Portela
Membro da APL
(Parodiando Casimiro de Abreu, “Meus oito anos”)

sábado, 4 de maio de 2013

MULHER, MULHER!

La Scapigliata, de Da Vinci
Oh, mulher que me arrebata
Pro centro do coração
Me detrata, me maltrata
Cada dia, não sei não!
Eu gosto desse chamego
Oh, meu Deus, oh, meu Deus, não!

Está mui bem do tem lado
Tem o gosto de um quindim
Eu adoro as tapiocas
Que, eu sei, só são pra mim
Detesto ter que ir embora
Sem teu cheiro de carmim!

Tu me fazes muito bem
Teu amor tem gosto bom
És sincera, generosa
Sempre gosto de estar com
Essa menina faceira
Que tem lábios de bombom!

Teu arrocho é um achado
Todo toque é bom demais
Quando corro pro teus braços
Sou ligeiro, feito um ás
Quero toda tu, todinha
Desejo todos os teus ais!

Prof. João Teles
Membro da APL

quinta-feira, 2 de maio de 2013

UM FERIADO NO 4.0


Pois bem: Tentando buscar a pista de pouso em um horizonte ainda um pouco fechado eis que: 

Pois bem 2: Ontem, feriado, dia do trabalhador (E todos os dias não o são?) almocei fartamente... Não que o fastio tenha ido embora de vez, levando junto consigo o tédio... Nada disso...

Pois bem 3: É que justamente neste dia, amigo pessoal me convidara a rangar com ele que comemorava sua adentração (diabo é isso hien?) ao clube dos quarentões... E... e... e... e...

Pois bem 4: -E o quê, seu fela da gaita? Dirá o mais impaciente dos meus amados, idolatrados, estimados e tantos outros ….ados leitor destas agora mal traçadas linhas...

Pois bem 5: -Calma!!! calma!!! calminha... amado... estimado... idolatrado e tantos outros ….ados leitor... -Aceita um alprazolam? Se sim... somente amanhã lerás o que agora estou a grafar com uma certa sonolência... 

Pois bem 6: E como todo aniversário, houve as felicitações, desejos de paz, saúde, sucesso felicidades e por aí vai....

Pois bem 7: Mas como nem tudo na vida são flores, depois da alegria e do saboroso rango, (fazia tempos que eu não comia assim) veio um sacana que tocou na parte mais frágil da situação, deixando um tanto sem jeito o novo quarentão...

Pois bem 8: -É camarada, agora não escaparás... O próximo passo será o exame de toque... E não fuja... Pronunciou com certo sarcasmo o amigo da onça...

Pois bem 9: Imagine a fisionomia de um jovem conservador diante de uma proposição destas?

Pois bem 10: Risada geral... 

Pois bem 11: Passado a algazarra e o nervosismo do colega eu asseverei:

Pois bem 12: Ai Deus do céu!!! O que vão pensar de mim? Já vou beirando os 4.5... 

Pois bem 13: Mas como sou macho... machão mesmo... não recuei... Não vai ser isso que vai abalar minha masculinidade... 

Pois bem 14: -E tem mais: Se até Pepeu tem o seu lado feminino... 

Pois bem 15: -Por que eu também não posso ter o meu...? Ademais vou logo deixar claro, e espero não sofrer preconceito com isso que tenho sim; o meu lado feminino e que ele é bem moderninho até... -Gooooosta!!! E como gosta de mulher...

Pois bem 16: Mas voltando ao assunto principal... Acalmei o novo quarentão.... -Fique tranquilo amigo... Tudo ocorrerá na mais pura normalidade...

Pois bem 17: Eles (os urologistas) são muito profissionais... 

Pois bem 18: E relatei, com certo constrangimento minha primeira experiencia (ai!) e que experiencia!!! (ufa!!!) Precisa ser muito macho para se desnudar assim diante de uma turma de galhofeiros...

Pois bem 19: -Ah!!! confessaste né caboco véi? Por trás deste machão...

Pois bem 20: -Olhe... Mas respeito!!! (pra que fui falar? Pensei com meus botões...) E como parecia que eu era o mais velho dentre os presentes, usei e abusei do estatuto do idoso. Exigi consideração, e principalmente atenção pela minha maior experiencia, apesar de ter certeza que dentre os presentes havia outros também já vividos no assunto... 

Pois bem 21: Clínica lotada, a atendente me chama pelo nome, me levanto meio sem jeito e de cabeça baixa achando que todo mundo ali sabia o que iria me acontecer em breve, adentro ao consultório meio gelado, batimentos cardíacos acelerados e por aí vai...

Pois bem 22: Com muito profissionalismo o médico ordenou que eu pusesse minhas calças num cabide ao canto, que deitasse de ladinho em uma maca ao lado e que pusesse meus joelhos coladinhos no tórax... Tudo não durou mais que trinta segundos... Os mais longos trinta segundos de minha vida... E pronto!!! Fui liberado... Desconforto mesmo foi dirigir de volta para casa... (Acho que todo consultório de urologista deveria ter um chuveiro...)

Pois bem 23: Nada demais... Relato superprofissional... Mas que um certo dia foi contestado por amigo, técnico em informática que vez por outra em conversa durante os trabalhos do mesmo adentramos ao assunto...

Pois bem 24: -Manezim... Você acha isso normal é por que teve a sorte de não ter sido examinado por o Dr. Fulano de Tal, O impiedoso!!! Falava o meu amigo, de certo urologista a quem a natureza fora generosa quando da criação de seus membros. E concluiu: -O homem tem um dedo médio de causar calafrios... Até em cabras fortes que nem você...

Tenho dito... E sempre!!!

Manuel de Jesus
Membro da APL

quarta-feira, 1 de maio de 2013

OS DOIS PRIMEIROS SÓCIOS-CORRESPONDENTES

A Academia Palmense de Letras (APL) já conta com seus dois primeiros sócios-correspondentes. Trata-se de Valdemir Pacheco, advogado e poeta de Viçosa do Ceará, e de Gilmar Paiva, economista e poeta de Sobral (radicado em Fortaleza).

Saudações apeeleanas e votos de boas-vindas a ambos!
Valdemir Pacheco
Gilmar Paiva