São 4:30 da manhã, o sol insiste em dormir mais um pouco, a lua prateia o grande sertão nordestino, o dia ainda não amanheceu. A seca que castiga o nordeste brasileiro é a maior dos últimos cinquenta anos. O gado morre a cada dia de fome e sede, sem forças para sobreviver a tão nefasta estiagem de 2013.
Na caatinga que resiste ao sol escaldante, já quase não existe mandacarus e macambiras para alimentar o esquálido rebanho. O homem valente e sofrido, que ainda carrega força e esperança no olhar , sai em busca de conseguir, longe de casa o sustento para os animais sobreviventes.O trabalho é estafante e dura a manhã inteira.Os carros de boi chegam mansamente pela estradinha de terra , transportando sacos do “alimento”, vegetação típica do sertão.
De volta ao lar, o velho homem se depara com a morte de mais um animal que não suportou tanto sofrimento. Uma cena triste, constante nos últimos dias...
No cemitério de animais, as carcaças se espalham pelo chão, trazendo tristeza e uma saudosa recordação dos tempos de fartura, vacas gordas, pastos verdes, riachos cheios... Lembranças de um tempo feliz.
Nice Arruda
Nutricionista, natural de Icó-CE, membro da Associação Cearense de Letras e autora do livro Quase tudo de mim (Relatos de lutas, superações e vitórias)
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