Velho rádio empoeirado
Que tantas valsas tocou
Hoje jaz lá na lixeira
Seu ex-dono o jogou
Não toca mais nada
O rádio, que falava
É mais um dentre os detritos
Morreu a valsa
Morreu seu glamour
Morreram os dias idos
Com quem os viveu
E com a ferrugem
Que os corroeu
Por que o rádio é diferente de nós?
Se nossa valsa volta e meia finda
Se nossa falsa esperança em nós mesmos
Ruir em suas bases
Por que o rádio é diferente de nós?
Que largamos a eternidade
E nos agarramos medrosamente ao tempo
E o tempo é indiferente
Contundente em seu moer de dentes
E nós tão pequenos.
Benedito Gomes Rodrigues
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