quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

O RÁDIO E O TEMPO

Velho rádio empoeirado
Que tantas valsas tocou
Hoje jaz lá na lixeira
Seu ex-dono o jogou

Não toca mais nada

O rádio, que falava
É mais um dentre os detritos

Morreu a valsa
Morreu seu glamour
Morreram os dias idos
Com quem os viveu
E com a ferrugem
Que os corroeu

Por que o rádio é diferente de nós?
Se nossa valsa volta e meia finda
Se nossa falsa esperança em nós mesmos
Ruir em suas bases

Por que o rádio é diferente de nós?
Que largamos a eternidade
E nos agarramos medrosamente ao tempo
E o tempo é indiferente
Contundente em seu moer de dentes
E nós tão pequenos.

Benedito Gomes Rodrigues

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